O chamado PAC das Cidades Históricas já foi lançado cinco
vezes pelo governo petista: duas vezes na gestão Lula e três na atual. Em três ocasiões,
o anúncio foi feito pela própria Dilma, seja como ministra-chefe da Casa Civil,
seja já como presidente da República. Nada, porém, saiu do papel nestes quatro
anos.
Os valores a serem investidos crescem ao sabor do vento (já
foram R$ 890 milhões e agora são R$ 1,6 bilhão), mas nenhum centavo foi efetivamente
aplicado em obras de restauro do nosso patrimônio histórico. Mais estranho é
que entre o primeiro anúncio, em outubro de 2009, e o mais recente (nunca se
sabe se será de fato o último), o número de cidades atendidas em todo o país caiu
a um quarto: eram 173 e sobraram agora apenas 44.
“O Iphan não conseguiu usar recursos do PAC específico de
patrimônio. O recurso com as garantias que a presidenta informou só teremos a
partir de amanhã [hoje]”, admitiu Jurema Machado, presidente do Iphan
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) à Folha de S.Paulo. Por que tanta enganação e tanto desrespeito com o cidadão?
O que se vê agora em relação ao patrimônio histórico e
cultural brasileiro é recorrente em todos os demais setores da administração
pública federal nestes últimos anos: as promessas se multiplicam, mas as
realizações nunca chegam. É assim na saúde, na educação, na infraestrutura e
onde mais se observe.
Onde estão as UPAs e as UBSs prometidas na campanha de 2010
para ampliar o acesso dos brasileiros à saúde? Dilma não entregou nem 5% delas...
Onde estão as creches, tão necessárias para garantir uma primeira infância
melhor a nossas crianças e melhores condições às mães que trabalham? Aí é pior:
só 60 das 6.000 prometidas ficaram prontas.
Onde estão as necessárias obras em rodovias, ferrovias,
aeroportos e portos que iriam destravar o desenvolvimento do país e dar mais
competitividade a nossos produtos e bem-estar aos brasileiros? Nenhuma ferrovia
foi licitada, nenhuma rodovia foi concedida à iniciativa privada e a maior
parte dos aeroportos continua em obras que não se sabe quando acabarão.
Por que isso acontece? Em uma linha, falta planejamento e
capacidade ao governo petista para transformar promessas em necessidades atendidas.
Em sua concepção, o Programa de Aceleração do Crescimento até tinha seus méritos:
listar um rol de obras públicas prioritárias que mereceriam atenção diuturna dos
gestores a fim de se tornarem realidade. Na prática, isso se mostrou mero sonho.
Infelizmente a incúria com o dinheiro público não se restringe
ao PAC. A execução orçamentária também se dá no mesmo ritmo da ineficiência, do
descaso e da malversação. Dinheiro para fazer o que os cidadãos precisam – e pelo
que pagam caro na forma de tributos – tem, mas as obras não acontecem, os benefícios
não chegam.
O Tribunal de Contas da União examinou a execução do
Orçamento da União de 2012 e concluiu que apenas 27% da verba destinada pelo
governo federal à área de saúde foi utilizada no ano passado. Em saneamento, o
percentual é ainda menor, de 9%, e na educação foram aplicados 45% do previsto,
como mostra o Valor Econômico em sua edição de hoje.
O governo petista acumulou um patrimônio considerável de
promessas. Mas o que se tem constatado é que elas vão, dia após dia, se
transformando num imenso canteiro de obras inacabadas. Nossos carcomidos bens históricos
e culturais correm o risco de ser apenas mais uma atração desta paisagem em ruínas.
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