O governo petista faz
para depois desfazer. Dá corda para, em seguida, diante de reações aziagas a
seus atos, retroceder. Instila com isso a desconfiança, põe no prego do penhor
a pouca credibilidade de que ainda dispõe e hipoteca as chances presentes e futuras
de êxito do país. Bem governar está longe disso.
Esta tática esdrúxula
é aplicada com mais afinco pelo governo da presidente Dilma Rousseff na gestão –
se é que cabe ser chamada assim – fiscal. Nunca se experimentou tanto, e com
tão maus resultados, quanto agora. Atitudes recentes, contudo, não deixam
dúvida: bateu o pânico no pessoal de Brasília. A água do descontrole dos gastos
públicos ultrapassou a altura do nariz e já ameaça afogar o país. Vai dar para
salvá-lo?
Os jornais noticiam
que a presidente reuniu ontem líderes de 26 partidos da base aliada para firmar
com eles um “pacto pela responsabilidade fiscal”. A questão é: o compromisso
com a solidez e o equilíbrio das contas públicas – em última instância, um
compromisso com o interesse do cidadão e com o emprego adequado dos recursos
públicos – não pode ser algo circunstancial. Deve ser, obrigatoriamente, prática
cotidiana de governo.
Não é o que se vê na
atual gestão. Dilma tem se notabilizado por patrocinar uma das políticas econômicas
mais deletérias que se tem notícia no país nos últimos tempos. A contabilidade fiscal
caiu em descrédito, as metas de poupança do governo deixaram de ser críveis, a
previsibilidade – atributo indispensável para a confiança e, em última
instância, para a realização dos investimentos e a geração de oportunidades –
foi para o espaço.
Sob o governo da presidente,
o país não consegue bem gerir suas contas. É como uma casa no vermelho ou uma
empresa em processo falimentar. Não consegue promover os benefícios que a
população que paga seus impostos espera. Não é capaz de realizar os
investimentos necessários para que a economia decole e, desta forma, sejam
geradas melhores oportunidades de trabalho e emprego.
Soube-se que, na
reunião de ontem, governo e partidos aliados se comprometeram a não aprovar
nada que implique aumento de gastos. É salutar, mas cabe perguntar: só agora? Só
agora, quando o país está sob ameaça de descontrole inflacionário, de descalabro
fiscal e de rebaixamento na classificação de risco de crédito, como até Guido
Mantega admitiu?
Muitos dos projetos
que o Planalto agora execra foram avalizados pelo próprio governo, como é o
caso da renegociação da dívida de estados e municípios que a gestão petista ora
irá rever, segundo a Folha de S.Paulo. Feita sob medida para o prefeito Fernando Haddad e para o
calendário eleitoral, terá de ser reformulada, não sem antes deixar um rastro
de estragos.
Entre a enunciação e
a reformulação, entre a tentativa e o erro, propostas emanadas do Planalto
produzem arranhões em série na credibilidade do país. O governo petista parece acreditar
que suas maquinações geniais são capazes de prescindir da realidade, ou mesmo de
superá-la. Parece apostar que suas esquisitices vão sempre colar. Não parece
ter reparado que todo mundo já sacou que este método moldado no improviso não
para em pé.
O descontrole que a
gestão Dilma diz agora querer evitar é produto direto da política de desonerações
tributárias ao léu, de leniência com os gastos públicos, de condescendência na
concessão de crédito por meio de bancos oficiais que o governo do PT vem
praticando desde a crise de 2008. A conta chegou e não adianta a responsável
pelo atual estado das coisas correr ao Twitter para pregar austeridade e pedir
socorro. Irresponsabilidade tem limite.
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