No feriado da proclamação
da República, os primeiros condenados pelo mensalão começaram a se apresentar à
polícia. Exaustivamente, as televisões exibiram imagens que muitos não
acreditavam que um dia assistiriam. Nos dias seguintes, os presos – com os
petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares à frente – foram
despachados para o presídio da Papuda, na capital da República. Parecia até sonho.
Os presos, quase
todos, continuam atrás das grades, submetidos a condições bastante desconfortáveis,
mas provavelmente não tão “medievais” quanto as que afligem mais de meio milhão
de detentos pelo Brasil afora. Até agora, somente José Genoino, com problemas
de saúde, conseguiu livrar-se de cumprir na cadeia sua pena de 6 anos e 11
meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha, e agora poderá
fazê-lo no hospital ou em casa.
No entanto, nos
últimos dias os mensaleiros petistas tornaram-se objeto de tamanha comiseração e
alvo de tantas manifestações de solidariedade que mais parecem vítimas ou
mártires do que gente que roubou e corrompeu, que se articulou em torno de uma
organização criminosa para lesar os cofres públicos. São as artimanhas do PT em
ação.
O partido dos
mensaleiros colocou sua máquina de guerra em marcha. Partiu para cima, numa
tentativa de confundir a percepção da população quanto à gravidade do que
estava se passando diante dos olhos de todos. Agiu assim, provavelmente, por ter
percebido que o estrago que as vistosas imagens de seus filiados presidiários
tendem a causar nas pretensões de poder petistas.
Mas, espera lá! Como
já dizia Genoino, no auge da descoberta do mensalão: uma coisa é uma coisa,
outra coisa é outra coisa. Estamos tratando aqui é de gente que foi condenada
pela mais alta corte de Justiça brasileira por crimes como corrupção ativa,
formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva, etc etc etc.
A máquina de guerra
e propaganda petista parece querer nos fazer crer o contrário: ali estão homens
probos, mal tratados e injustiçados por um Judiciário mal intencionado. A
estratégia é ousada a ponto de incluir ataques oficiais ao Supremo Tribunal
Federal, a ponto de organizar caravanas de familiares e autoridades do partido
para fazer visitas à cadeia à luz do dia e na hora que bem entender –
desrespeitando regras que deveriam valer para todos os presos.
A atitude é ousada a
ponto de incluir perorações do seu principal líder, para quem não se pode “tripudiar
em cima da condenação” de pessoas, “sem respeitar o histórico” delas, como disse
ontem o ex-presidente. Lula prefere deixar de lado que os presidiários do PT
não estão na cadeia por seu currículo – embora alguns até merecessem – mas por
sua ficha corrida.
Não há mártires atrás
das grades. Não há presos políticos detidos na Papuda. Há gente que se acreditava
inimputável e que, por supor-se assim, pôs em marcha o maior esquema de corrupção
política e de desvio de dinheiro público para compra de votos e apoio
parlamentar que se tem notícia na nossa história. Gente que foi acusada, pôde
se defender pagando as melhores bancas de advogados do país, foi julgada e
acabou condenada.
Uma coisa é o PT
querer transformar seus presidiários em vítimas. Outra coisa é o fato de que alguns
dos principais líderes do partido que governa o Brasil há mais de uma década deverão
passar anos na cadeia para pagar pela penca de crimes que cometeram. Não há máquina,
por mais eficiente que seja, que possa ser capaz de reescrever esta história.
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