Segundo a edição do
Anuário Brasileiro de Segurança Pública que será divulgada
hoje, 50.108 pessoas foram assassinadas no país em 2012. É a maior marca desde
2008 e representa alta de 7,6% em relação ao registrado um ano antes. O que já
estava muito ruim ficou ainda pior, como, aliás, qualquer cidadão é capaz de
perceber andando pelas ruas brasileiras.
A taxa de homicídios
subiu de 22,5 por 100 mil habitantes em 2011 para 24,3 no ano passado. Vale
lembrar que, desde o governo Lula, o governo federal embalava um ambicioso
plano para reduzir este patamar à metade, o Pronasci. Mas, como sói acontecer
com as promessas petistas, não logrou qualquer resultado positivo.
A omissão federal é,
a propósito, uma das evidências reforçadas pelas estatísticas apresentadas no anuário,
feito em conjunto pelo Ministério da Justiça e as secretarias de Segurança das
27 unidades da federação. No ano passado, dos R$ 61,1 bilhões investidos em
segurança pública no país, somente R$ 7,8 bilhões foram gastos pela União, o
que corresponde a 12,7% do total.
Para se ter ideia da
subparticipação federal no financiamento das ações de segurança no país, o
estado de São Paulo investe praticamente o dobro do que gasta a União (R$ 14,4 bilhões)
e o estado de Minas Gerais dispende praticamente o mesmo que o governo federal
(R$ 7,5 bilhões).
Infelizmente o anuário
traz outros dados lamentáveis. O número de estupros, por exemplo, é assustador
e chega a superar o de homicídios dolosos. Foram 50,6 mil e 47,1 mil,
respectivamente. A taxa por 100 mil habitantes subiu 18%, para 26. Estima-se
que uma das explicações é o aumento das notificações, incentivadas pelas
delegacias especializadas no atendimento às mulheres.
O Nordeste continua
sendo a região de maior criminalidade no país, de acordo com a mais recente
edição do anuário. Alagoas ainda é o estado mais violento, com 61,8
assassinatos por 100 mil habitantes, mesmo com expressiva redução (-14%) em
relação a 2011. Em seguida, estão Pará (com 44 por 100 mil), Ceará (42,5),
Bahia (40,7) e Sergipe (40).
Além da violência nossa
de cada dia, os grandes centros urbanos têm sido palco de manifestações
abusivas e ações espasmódicas de vândalos que se somam num caldo de insegurança
e intranquilidade. Há, claramente, uma perda do referencial histórico do que
vem a ser autoridade contaminando todo o tecido social.
Em resposta, nota-se,
na sociedade, um clamor por mais ordem, por mais respeito à lei, sempre garantidos
os direitos individuais à livre expressão e à liberdade de manifestação. Os cidadãos
de bem querem tranquilidade para trabalhar, criar seus filhos e prosperar na
vida. Mas a falta de segurança mina-lhes as perspectivas de um futuro melhor.
O governo federal
demorou muito a se envolver diretamente no enfrentamento da criminalidade,
atribuição constitucional dos estados. Mas começou a fazê-lo na semana passada,
quando percebeu que se avoluma um clamor, ainda silencioso, mas claramente crescente,
por maior respeito à lei e à ordem.
Num ambiente de
insegurança, a maior ameaçada é sempre a democracia, os direitos individuais, a
liberdade de ir e vir. Enfrentar com firmeza a bandidagem deve estar na agenda
de qualquer governante que queira construir um Brasil melhor. Se ainda havia dúvidas,
o triste retrato revelado pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública é um
alerta gritante de que a hora chegou.
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