O Supremo Tribunal
Federal (STF) retoma hoje o julgamento do mensalão, com chance de mandar 23 dos
25 condenados para a cadeia, inclusive gente como José Dirceu. É sintomático
que, neste mesmo momento, o partido dos mensaleiros tenha outros de seus
líderes envolvidos no recebimento de mesadas, como está ocorrendo na capital
paulista. A prática é tão arraigada no PT que até suas eleições internas são
vencidas na base do pagamento de mensalões.
Ontem caiu o mais
importante e mais forte secretário da gestão Fernando Haddad na prefeitura de
São Paulo. Antonio Donato enroscou-se com a máfia de fiscais que pode ter
desviado meio bilhão de reais dos cofres da capital paulista nos últimos anos.
Saiu menos de duas semanas depois que começaram a vir à tona suas tenebrosas
ligações com o grupo de corruptos. Mas pode vir muito mais por aí.
Além de ter mantido
os líderes da quadrilha em postos-chave da atual administração, o agora
ex-secretário de Governo petista também é acusado de receber mesada dos fiscais
quando ainda era vereador na capital paulista, entre 2011 e 2012. Seriam R$ 20
mil por mês, como forma de manter os mafiosos, que atuavam desde a gestão
Kassab, dentro do governo se o PT vencesse, como venceu, as eleições do ano
passado.
Antonio Donato não é
um petista qualquer; tem quatro costados. É ex-presidente municipal do PT,
coordenou a campanha vitoriosa de Haddad e sua equipe de transição. Também foi
secretário na gestão de Marta Suplicy na prefeitura paulistana (2001-2004). É
mais um dos próceres do partido que desaba por denúncias de corrupção – e ele já
adianta que mais acusações contra ele virão...
É por estas e outras
que chegará em boa hora uma decisão do STF que, enfim, ponha atrás das grades a
quadrilha que surrupiou os cofres públicos federais por meio do mensalão. O
julgamento do caso será retomado hoje em Brasília tendo como principal item da
pauta o pedido feito pelo procurador-geral da República para que seja decretada
prisão imediata dos condenados que não têm mais como ser absolvidos por meio de
embargos ainda pendentes.
Se a tese de Rodrigo
Janot for aceita pelos ministros do Supremo, gente como José Dirceu, José
Genoino, Delúbio Soares e Marcos Valério teriam de começar a cumprir imediatamente
a pena na cadeia, em regime fechado ou semiaberto por causa de crimes pelos
quais foram condenados e não são mais passíveis de revisão.
A condenação dos
mensaleiros já está completando um ano e as infindas delongas que o processo
judiciário põe à disposição de quem pode pagar suscitam na população a sensação
e o temor de que gente graúda que lesou os cofres públicos em centenas de
milhões de reais não pague pelo mal que causou ao país. Passa da hora, pois, de
ver a Justiça aplicada a quem de direito.
Por fim, não se deve
deixar de constatar e registrar como o PT adotou métodos corruptos como sua
práxis político-partidária. Na eleição que definiu o novo presidente da legenda
pelos próximos quatro anos, não faltaram acusações de que centenas de milhares
de votos foram comprados de militantes que estavam inadimplentes com o partido
e tiveram suas dívidas quitadas pelos partidários de Rui Falcão.
A vitória do
petista, costurada sob as bênçãos de Lula e voltada para a reeleição de Dilma, foi saudada como o triunfo do
pragmatismo, já que as correntes minoritárias tiveram uma das votações mais
inexpressivas da história do partido.
Pelo jeito, esta forma pouco valorosa de
fazer política, à base de pagamento de mesadas, compras de votos e apoio, é
arraigada no PT: começa ainda dentro dos meandros partidários internos, escorre
para as campanhas eleitorais e transborda quando o partido assume alguma
instância de poder. Trata-se, portanto, de cabo a rabo, de um partido de
mensalões.
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