O Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem subir a taxa básica de juros
do país para 10% ao ano. Foi a sexta alta seguida. Desde março último, a Selic
aumentou 2,75 pontos percentuais, uma pancada e tanto.
O Brasil está na
contramão do mundo, num momento em que a maioria das economias tem reduzido os
juros – como ocorreu recentemente, por exemplo, em Chile, México e Peru. Na média,
as 40 principais economias do planeta praticam juro real negativo de 0,6% – apenas
17 países têm taxas positivas.
Analistas de mercado
preveem que a alta da Selic não irá parar aí. Os que mais acertam seus
prognósticos estimam que a taxa possa chegar a 11% no ano que vem. Se isso
acontecer, Dilma impingirá ao país um juro básico ainda maior do que o herdado do
ex-presidente Lula (10,75%).
No início de seu governo,
a presidente prometeu que faria a taxa real brasileira baixar a 2% ao ano. Em alguns
momentos, até conseguiu: em dezembro do ano passado, chegou a atingir a mínima
de 1,39%. Mas, como juro não cai na marra, a retomada das altas da Selic para
conter a inflação acabou empurrando o juro real brasileiro novamente para cima.
Muito para cima.
Agora, a taxa real está
em 4,1% anuais, no topo do ranking mundial, segundo levantamento feito
sistematicamente pela consultoria Moneyou.
A China, que por um tempo liderou a lista, já aparece bem distante no segundo
lugar, com 3,1%, seguida pelo Chile, com 2,8%. Ou seja, Dilma perdeu mais uma
guerra.
Recorda O Estado de S.Paulo que “a presidente chegou a dizer que os juros haviam
alcançado patamar ‘mais civilizado’ e que, graças ao ‘compromisso com a solidez
das contas públicas’, havia criado um ‘ambiente para que a taxa de juros caísse’”.
Onde mesmo isso teria acontecido, presidente? Só se for na lua...
O BC está tendo que
aumentar os juros para combater uma inflação que se mostra renitente, mas, por
causa do constante aumento dos gastos públicos, tem sua missão ainda mais
dificultada. Mesmo a alta forte da Selic nos últimos meses não tem conseguido segurar
os preços, como mostra hoje o Valor Econômico.
“Quando o Copom
começou a subir os juros em abril, o IPCA estimado para o ano estava em 5,68% e
para o fim de 2014 em 5,70%, com juro de 8,5% nos dois anos. Na última pesquisa
Focus, com o mercado antevendo Selic de 10% neste ano e de 10,50% em 2014, os
prognósticos inflacionários eram de 5,82% e 5,92% respectivamente.”
Trocando em miúdos:
com taxa de juros quase três pontos percentuais mais baixa, a expectativa de
inflação era menor do que a atual. Isso significa, por um lado, que a alta da
Selic não tem sido suficiente para acalmar a escalada de preços e, por outro, que
a gasolina que o governo joga na inflação com o aumento das despesas públicas tem
sido muito mais potente.
Além disso, mesmo com
as idas e vindas da Selic, o governo petista continuou gastando como poucos
países com o pagamento de juros. Na verdade, em todo o mundo, apenas Grécia e
Líbano gastam mais do que nós, segundo levantamento feito pelo FMI.
Os juros hoje
consomem 4,8% do PIB brasileiro, o que dá algo em torno de R$ 160 bilhões ou o
equivalente a seis vezes o orçamento do Bolsa Família. Caíram pouco em relação
aos 5,2% do último ano do governo Lula, porque “a administração petista criou
novos custos financeiros ao se endividar no mercado para injetar dinheiro nos
bancos públicos e elevar a oferta de crédito”, conforme analisa hoje a Folha de S.Paulo.
A volta dos juros de
dois dígitos é mais uma manifestação dos desequilíbrios em série que a gestão petista
produz na economia. É o atestado do fracasso de uma política econômica baseada
na experimentação e no voluntarismo. É a comprovação de que promessas e
compromissos assumidos pela presidente Dilma Rousseff não passam de palavras ao
vento, mas nos custam caro, muito caro.
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