É evidente que isso
está acontecendo na apuração do caso Siemens, que envolve denúncias de
formação de cartel por parte de empresas para burlar concorrências de obras do
Metrô e da CPTM em São Paulo. Trata-se de episódio de lesão aos cofres públicos
que precisa ser devidamente investigada e os envolvidos, punidos.
No entanto, gente do
primeiro escalão petista passou a figurar na história, protagonizando denúncias
suspeitíssimas cujo principal objetivo parecer ser envolver adversários
políticos, comprometer as investigações e, sobretudo, desviar a atenção da
prisão dos mensaleiros – principalmente dos próceres petistas.
O PT conspira e o envolvimento
mais deplorável é o de José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça do governo
Dilma. Ele assumiu a responsabilidade por tornar pública uma denúncia da maior
gravidade sem ao menos ter o cuidado de apurar previamente a origem e a
integridade das informações. Agiu, no mínimo, levianamente. Mais correto é
afirmar que agiu de caso pensado, visando promover espúrios interesses político-eleitorais
de seus companheiros petistas.
Cardozo recebeu um
dossiê das mãos de Simão Pedro, deputado petista licenciado e hoje secretário
do governo Fernando Haddad em São Paulo. O papelucho tenta envolver, sem
nenhuma prova, autoridades do governo paulista e lideranças tucanas, do DEM, do
PSB e do PPS no escândalo. O ministro da Justiça deu de ombros a este detalhe e
tratou de espalhar a denúncia, que, soube-se agora, é apócrifa, tendo sido renegada
pelo suposto autor.
Neste fim de semana,
Cardozo admitiu que foi ele, e não o Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), quem encaminhou a papelada à Polícia Federal, contrariando versão
anterior. Também disse que recebeu os papeis de maneira informal das mãos de
Simão Pedro, num fim de semana que não se lembra quando foi.
A versão de Cardozo
contradiz documentos assinados por dois delegados da PF, que relatam ter
recebido a denúncia por meio do Cade. Outra das intenções do ministro parece
ser proteger Vinícius Carvalho, militante petista que foi aceito na presidência
do Cade omitindo que atuara na chefia de gabinete de Simão Pedro na liderança
do PT na Assembleia paulista.
A participação dos
petistas no caso é, no mínimo, suspeita, estranha, nebulosa. A primeira questão
que salta aos olhos é: Será que o Ministério da Justiça está se tornando uma
central policialesca do Estado petista? Pelo que se viu até agora, a resposta é
sim.
As aloprações por lá
não começaram agora. Recorde-se que, em maio, o ministério também esteve no epicentro
da boataria que espalhou pânico entre os beneficiários do Bolsa Família,
levando milhares de pessoas a agências bancárias num fim de semana por temor de
que o programa seria extinto.
Naquela ocasião, Cardozo
disse que houvera uma “ação orquestrada” para lançar nuvens sobre o programa
que auxilia 13,6 milhões de famílias pobres no país. Dois meses depois, a PF descartou
qualquer ação criminosa e concluiu que o boato fora “espontâneo”. Dias depois,
a investigação foi arquivada, sem merecer, contudo, nenhum pedido de desculpas
por parte do governo petista.
Não parece ser mera coincidência
que a nova participação escandalosa do ministro Cardozo em mais uma tentativa
do governo do PT de usar o aparato estatal para prejudicar adversários aconteça
na mesma hora em que gente como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares – que
lideraram o partido na sua ascensão ao poder – esteja vestindo uniforme de
presidiário na penitenciária da Papuda, em Brasília.
O PT não mede
esforços em sua trama para se manter no poder. Manipula os instrumentos de
Estado que tem à mão para prejudicar quem se interpõe a sua sanha desmesurada
de dominação. O mais aterrorizante é que o uso do aparato público com fins
policialescos pode se virar a qualquer hora contra toda a sociedade brasileira.
Os petistas já deixaram claro que sua falta de ética não tem limites.
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