Reuniões ministeriais
ajudam a alimentar esta pantomima. Podem servir para dar ideia de um governo
operoso, de uma comandante ativa e de um time azeitado. Mas são, na realidade, a
prova mais evidente do fracasso de uma gestão que não consegue cumprir o que
promete, mas esforça-se para enganar o público.
No último sábado, Dilma
juntou 15 dos seus 39 ministros – ou seja, quase metade do time – para cobrar-lhes
realizações que rendam dividendos eleitorais. Demandou a cada um deles que
entregue pelo menos uma obra de vulto por estado e intensifique suas viagens
pelo país doravante. Tudo dentro da lógica reeleitoral.
Não há nada de novo
nisso: para eleger Dilma, o então presidente Lula organizou famosas caravanas
que promoviam o que nunca seria cumprido. Quem não se lembra das faustosas visitas
aos canteiros poeirentos das obras de transposição do rio São Francisco? Quem
terá se esquecido das visitas a trechos enferrujados da ferrovia
Transnordestina canceladas na última hora para evitar vexames?
Pelo que os
porta-vozes do governo divulgaram após a reunião de sábado, a presidente
pretende intensificar entregas de obras, com destaque para as unidades de
pronto-atendimento (UPAs) de saúde, creches, rodovias e moradias do Minha Casa,
Minha Vida. Faria melhor se, antes, verificasse como andam estes empreendimentos,
porque encontrará menos do que imagina.
Segundo o mais
recente balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), das 500 UPAs
prometidas pela gestão Dilma, por exemplo, somente 14 ficaram prontas até hoje –
quem quiser conferir pode olhar na página 142 do eixo “Comunidade Cidadã” do documento.
Do total prometido, 65% ainda estão em “ação preparatória ou em licitação”. São,
pois, puro papel.
Quanto às creches, a
primeira desavença refere-se ao tamanho da promessa. Inicialmente, o governo
trabalhava com a meta de fazer 6 mil unidades, mas depois inflou o compromisso para
8.685, conforme Dilma afirmou em programa oficial de rádio
veiculado em 1° de abril. Deve ter sido mera licença poética para propagar uma
mentira...
Cobrada pelo jornal O Globo há duas semanas, a presidente negou o que prometera. De todo
modo, segundo o balanço do PAC divulgado em outubro, somente 120 creches foram
concluídas pela atual gestão desde 2011. Outras quase 1.600 ainda não saíram da
condição de mero papel, em status de ação preparatório e/ou licitação.
Mas a mentira é o método
mais coerente que o governo do PT emprega. É o esteio de quase todas as suas ações.
Na manhã de hoje, por exemplo, Dilma novamente falseia ao, supostamente, prestar
contas à população sobre as obras de melhoria da estrutura de atendimento de saúde
no país. Na prática, o que a presidente faz é enganar o público.
Diz ela, no programa
“Café com a Presidente”
de hoje, que o governo “já concluiu as obras em mais de 4 mil postos de saúde
em todo o país” e está “fazendo obras de ampliação e de reforma em outros
16.700 postos de saúde” e “construindo mais 6.200 postos novinhos em folha”. De
onde saiu tanta realização, não se sabe.
Novamente, segundo o
mais recente balanço do PAC, somente 400 unidades básicas de saúde (UBS) de um total
de 2.105 foram construídas até agora. Outras 491 de um total de 5.458 foram
ampliadas e mais 6.510 – tanto para construção, quanto para ampliação – não
passaram da fase de contratação. Tudo muito, muito longe do que Dilma apregoa.
São inúmeros os
exemplos de mentiras repetidas à exaustão, em programas oficiais ou em
pronunciamentos à nação que a presidente e seus auxiliares propagam. Tal atitude
ludibria de forma dupla os cidadãos: primeiro por falsear a realidade e, segundo,
por não cumprir os compromissos assumidos. Se só agora, passados três anos de
mandato, Dilma resolveu tentar mostrar a que veio, por que deveria merecer mais
quatro anos de governo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário