Falhou a tentativa
do PT e seus aliados no Congresso de melar o jogo e impedir a apuração dos escândalos
na Petrobras. Prevaleceu o direito previsto na Constituição de franquear à
minoria a possibilidade de investigar e fiscalizar os atos de governo. A decisão tomada ontem pela
ministra Rosa Weber é uma vitória da democracia.
De acordo com a liminar
concedida pela ministra do Supremo, a comissão parlamentar de inquérito proposta
há um mês pela oposição, sob a liderança do senador Aécio Neves, e referendada
por número mínimo de assinaturas necessárias deve ater-se exclusivamente à
estatal.
Na busca de
impedir qualquer investigação, o governo petista vinha tentando enfiar para
dentro da CPI da Petrobras assuntos diversos, que vão de denúncias sobre contratações
de obras de metrôs até suspeitas na construção de portos em Pernambuco. São temas
que até merecem apuração, mas cada um em sua própria comissão de inquérito.
Desde que os
partidos de oposição começaram a batalha pela instalação da CPI da Petrobras, não
veio à tona um só fato novo que contraditasse a iniciativa. Pelo contrário. Dia
após dia, surgem aos borbotões novos motivos para levar adiante uma
investigação séria que passe a companhia a limpo.
Nos últimos dias, soube-se,
por exemplo, que a refinaria de Pasadena consumiu mais dinheiro público do que
se dizia inicialmente. Custou US$ 1,25 bilhão, mas recebeu também outros US$
685 milhões em investimentos. Trocando em miúdos, isso representa rombo de
quase R$ 4,5 bilhões num negócio ainda mais ruinoso do que se imaginava até agora.
O valor lançado pela
Petrobras em seus balanços como prejuízo pelo mau negócio de Pasadena,
inicialmente estimado em US$ 217 milhões, mais que dobrou, para US$ 530
milhões. Tudo isso foi revelado pela atual presidente da empresa, Graça Foster,
em depoimento no Senado há dez dias.
Além disso, ex-dirigentes
da Petrobras contradisseram a presidente da República ao defender o negócio e
minimizarem as falhas na documentação que embasou o processo decisório que
levou a estatal a pagar por Pasadena quase 30 vezes mais que o valor pelo qual
a refinaria fora adquirida por sua sócia belga pouco tempo antes.
Ex-presidente da
companhia, José Sérgio Gabrielli foi ainda mais longe e chamou Dilma Rousseff a
assumir suas responsabilidades nos negócios ruinosos que a Petrobras cometeu
enquanto a hoje presidente da República – então ministra de Minas e Energia e, posteriormente,
da Casa Civil – comandava o conselho de administração da empresa.
Mas a série de
descalabros envolvendo a Petrobras parece não ter fim. Hoje, O Globo revela que um saque de módicos US$ 10 milhões foi feito no caixa
da refinaria de Pasadena sem qualquer autorização ou registro formal. Como quem
vai ao caixa eletrônico tirar um trocado para a feira, o dinheiro evaporou.
O montante – que,
vale comparar, equivale a cerca de ¼ do que a Astra, a sócia belga da Petrobras,
pagara pela planta do Texas – foi retirado da conta da refinaria em fevereiro
de 2010 junto a uma corretora que entrou com pedido de falência em 2011. O saque
foi autorizado por mera comunicação verbal. Mais que isso, ninguém sabe, ninguém
viu: a auditoria interna que investiga o caso não detalha quem fez o saque,
qual destino ou finalidade do dinheiro.
Casos assim ilustram
como recursos públicos são tratados como troco pelo governo petista. Milhões –
de reais, de dólares, de euros, de ienes – dançam para lá e para cá, trocam de mão
como se fossem propriedade privada ou direito de algum partido. Fala-se de bilhões
como se se falasse em migalhas.
Como a decisão de
Rosa Weber foi dada em caráter liminar, ou seja, pode ser alterada pelo
plenário do Supremo, ainda é possível que o governo lance mão de medidas
protelatórias para tentar evitar o início dos trabalhos da CPI da Petrobras.
Mas está próximo o dia em que a triste rotina de escândalos cometidos pelos
petistas incrustrados na estatal será passada a limpo. Assim como se aproxima o
dia em que estes descalabros chegarão a um fim.
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