Se os argumentos
apresentados pela oposição para justificar a criação de uma CPI para investigar
os escândalos na Petrobras ainda não eram suficientes, Graça Foster deu ontem
razões de sobra para que o Congresso comece imediatamente a apurar os
malfeitos. Há todo um rol de maus negócios realizados pela companhia nos
últimos anos; Pasadena é só um deles. CPI neles!
Ontem, pela primeira
vez, a presidente da Petrobras admitiu que comprar uma refinaria no Texas por valor
quase 30 vezes maior do que havia sido pago pelo antigo dono não foi nenhuma
pechincha. “Não foi um bom negócio. Isso é inquestionável do ponto de vista
contábil”, afirmou
Graça, durante audiência pública no Senado.
Até pouco tempo
atrás, a avaliação de Graça Foster era outra: o negócio de Pasadena se
justificava plenamente pelas condições de mercado à época. Isso foi dito em
audiência pública na Câmara em maio do ano passado e reiterado por Sergio Gabrielli,
ex-presidente da empresa. Recentemente, o ministro Guido Mantega também manifestou
a mesma opinião.
Resta claro que o governo
não tem ideia nem avaliação clara sobre seus atos e suas iniciativas. São bons?
Talvez. São ruins? Sei lá... Como a conta sempre sobra para o contribuinte ou
para o consumidor, dá-se de ombros. O importante é fechar negócios, beneficiar
quem está dentro do condomínio e contemplar com algum naco quem é sócio do
butim.
Não é preciso ser nenhum
gênio da raça para concluir que a compra de Pasadena não foi só um mau negócio;
foi extremamente lesiva aos cofres públicos. Soube-se ontem que já foram gastos
US$ 1,9 bilhão numa refinaria que custara US$ 42,5 milhões a seu antigo dono. Desde
a compra, em 2006, a Petrobras enterrou mais US$ 685 milhões em investimentos na
planta do Texas, que se somam aos US$ 1,2 bilhão pagos aos belgas.
A transação já
resultou em perdas contábeis de pelo menos US$ 530 milhões, que jamais serão
recuperados. Até dezembro passado, Pasadena só rendeu prejuízos – quanto exatamente, ninguém
sabe. Diante disso, é “baixa a probabilidade de recuperação do investimento”, disse
Graça na audiência de ontem. Negócios assim, nem de graça.
As roubadas em que a
Petrobras tem se metido por orientação dos governos do PT são muitas – e sempre
monumentais. A Abreu e Lima, em Pernambuco, já custou quase dez vezes mais e
está indo para o sexto ano de atraso, sem produzir uma gota sequer de
combustível. Já se tornou caso de estudo, por ser a mais cara refinaria já
feita em todo o mundo, e de escárnio, em função do beiço dado pelo governo
bolivariano da Venezuela no Brasil.
Já o Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em construção em Itaboraí, já teve
seu custo aumentado em 63%, de R$ 19 bilhões para R$ 31 bilhões. A inauguração,
inicialmente prevista para 2012, só deve acontecer em agosto de 2016 e, mesmo
assim, apenas da primeira das duas unidades de refino prometidas para o polo
petroquímico. Negócios como estes, nem de graça.
Pasadena, Abreu e
Lima, Comperj e mais um monte de lambanças deveriam ser “lições a serem
aprendidas e não repetidas”, para usar palavras da própria Graça Foster. “Quando
a gente vai para a rua com projetos que não estão acabados, o sobrepreço é
inevitável”, admitiu
a executiva, com sinceridade incomum entre os petistas, na audiência de ontem
no Senado. São milhares as obras do governo do PT nestas condições. Quem vai
pagar por elas?
A sinceridade de
Graça Foster poderia contaminar todo o resto da equipe da presidente Dilma Rousseff.
Afinal, sua gestão resume-se a um imenso canteiro de obras inacabadas, de
promessas não cumpridas, de expectativas frustradas, de esperanças malogradas. Não
é apenas a Petrobras que tem produzido resultados ruinosos. É todo o governo de
Dilma que é um mau negócio. De cabo a rabo.
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