Até aqui o PT e seus
aliados se valiam de ardis e manobras regimentais para tentar impedir a
apuração de malfeitos que pipocam no governo e, mais especificamente, na Petrobras.
Agora a estratégia ficou mais explícita e ganhou cara: o capitão do time do
vale-tudo veio a público dizer que ao petismo não interessa apurar nada. O que
interessa é só preservar o poder e manter a máquina de alimentar a corrupção
funcionando.
Luiz Inácio Lula da
Silva deu ontem extensa entrevista a jornalistas amigos do PT para passar instruções
ao time do vale-tudo. Para ele, “é preciso ir para cima” e “defender com unhas
e dentes” as ações do governo, os atos de sua gestão e os da presidente Dilma Rousseff.
Caberia muito bem ter acrescentado: e sem nenhum escrúpulo ou preocupação com o
interesse nacional. Ele não disse, mas o sentido das instruções do capitão é
este.
Lula vocaliza com
suas próprias palavras as mesmas diretrizes – ou melhor seria dizer “ordens”? –
dadas a sua tutelada, a presidente Dilma Rousseff, em reunião no último sábado.
Disciplinada discípula, a petista saiu anteontem mesmo cumprindo as orientações do tutor e acusando a oposição, durante ato que deveria ser meramente
administrativo, mas foi novamente transformado em palanque, em Contagem (MG).
O ex-presidente comparou
os riscos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os escândalos
envolvendo a Petrobras, em especial a ruinosa compra da refinaria de Pasadena,
com as consequências da investigação que resultou na descoberta do mensalão. Se
são parecidos, mais necessária ainda se faz a apuração. Se são parecidos, é
porque há coisa grande a descobrir. O que o capitão e seu time querem esconder?
O medo da luz do sol
é gigantesco, a julgar pelos mundos que o PT e seus aliados estão movendo para
impedir que a CPI aconteça. Manobras regimentais, nomeação de relatores amigos,
ardis imorais, tudo tem sido feito para barrar a apuração pedida pela sociedade
e apoiada pelo número mínimo de apoios regimentalmente exigido pelos estatutos do
Congresso para funcionar.
Contra as evidências
de corrupção que dia após dia vêm à tona, o governo petista trabalha para melar
o jogo, insistindo numa CPI cujo pretexto é investigar tudo para não investigar
nada. A oposição resiste a este rolo compressor, insiste no esclarecimento dos malfeitos
e ontem foi ao Supremo Tribunal Federal com mandato de segurança e pedido de
liminar para tentar garantir o direito constitucional da minoria de fiscalizar
as ações de governo.
É clara a diferença
de orientação entre as duas estratégias. Enquanto a oposição recorre às
instituições, a princípios legais e a direitos constitucionais, o governo e sua
base lançam mão de estratagemas de submundo, de palavras de ordem e da
artilharia pesada que alimenta a máquina de destruir reputações que o PT
movimenta na internet. Foram instruções como estas que Lula reforçou ontem a
seu time.
Os meios empregados
pelo capitão são conhecidos e Lula não se furtou a, mais uma vez, explicitá-los
na entrevista que concedeu aos blogueiros amigos : “Temos que retomar com muita
força essa questão da regulação dos meios de comunicação do país”, instruiu o
tutor de Dilma, conforme destacou a Folha de S.Paulo. Em palavras mais simples: o sonho do capitão, apoiado por
seu time, é que só o que convém ao petismo venha a público. Censura, pois.
O capitão do time do
vale-tudo voltou com força total. A dúvida que fica no ar – e à qual Lula possivelmente
não gostaria de responder, nem seus jornalistas amigos perguntaram – é: o que ele,
a presidente Dilma Rousseff e o PT tanto temem? Por que tanta resistência a
permitir que a sociedade, por meio de uma CPI no Congresso, passe seus governos
a limpo? O que eles querem tanto que permaneça escondido? Fala mais, Lula!
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