A guerra de versões
que cerca a compra da refinaria de Pasadena por um valor faraônico conduz a uma
constatação imediata: a Petrobras vem sendo gerida de maneira descuidada,
caótica e irresponsável pelos petistas. Numa gestão séria não se ouviria o
bater de cabeças que ora protagonizam a presidente Dilma Rousseff e os
executivos da companhia.
Chega a ser patético
ver pessoas que estiveram ou estão à frente da maior estatal brasileira, dona
de um patrimônio de cerca de R$ 350 bilhões, onde trabalham mais de 80 mil
pessoas, se digladiando para jogar a culpa pela ruína da companhia umas nas
outras. Seria patético se não fosse trágico e deplorável.
Dilma, Luiz Inácio
Lula da Silva, Graça Foster, José Sérgio Gabrielli, Nestor Cerveró, Paulo
Roberto Costa: são todos responsáveis por uma gestão que só pode ser
classificada como temerária e devem responder pelo que fizeram. Se a Petrobras vive
hoje as dificuldades que enfrenta, se fez negócios ruinosos como vem se tornando
a sua tônica, a responsabilidade é de todos eles.
A entrevista de
Gabrielli a’O Estado de S.Paulo, publicada no domingo, é apenas mais um capítulo de uma
história de desacertos e desvios que está acabando com a Petrobras. A cada nova
declaração, a cada nova versão resta mais evidente a irresponsabilidade com que
a companhia veio sendo conduzida pelos petistas nestes últimos 12 anos.
Nas explicações
dadas por Gabrielli e pelos demais gestores, a Petrobras parece surgir às vezes
como mero brinquedinho. A empresa vale hoje apenas uma fração do que chegou a
valer? É apenas uma contingência de mercado – que, aliás, no setor de petróleo em
todo o mundo só a companhia brasileira experimenta, como explica Miriam Leitão
em sua coluna de hoje n’O Globo.
O compromisso dos
petistas com a saúde e o vigor da Petrobras é nenhum. A empresa é vista por
eles apenas como objeto de desejo e alvo de cobiça por cargos, contratos e
verbas quase sempre bilionárias. O que mais explicaria a companhia ter hoje um
de seus ex-diretores na cadeia, algo inédito nos seus 60 anos de história? Com
o PT, a maior empresa pública do país virou caso de polícia.
Toda esta guerra de
versões apenas reforça a necessidade de investigar a fundo o que tem se passado
na Petrobras nos últimos anos. Se os petistas, a presidente da República, os
gestores e ex-gestores da empresa querem mesmo esclarecer os fatos, uma comissão
parlamentar de inquérito no Congresso é o melhor caminho.
Se tem mesmo interesse
no bem da Petrobras e na sua recuperação, o governo petista deveria deixar de
se opor à CPI proposta pelo Congresso e reclamada pela sociedade. Quem é a favor
do Brasil e da Petrobras deve ser favorável a saneá-la e a livrá-la de quem só
lhe vê como butim. Nada melhor do que a CPI para apurar as responsabilidades
que eles tanto atribuem uns aos outros.
A Petrobras é símbolo
daquilo que o país, se bem governado, pode vir a ser. É símbolo do que o país,
quando mal gerido, está se tornando. Por isso, sua importância simbólica neste
momento crucial em que os brasileiros estão prestes a começar a escolher os
novos destinos para nossa nação.
Tem que acabar o
tempo em que um patrimônio dos brasileiros como é a Petrobras é tratado como
propriedade de uma casta política. Tem que acabar o triste interregno de
ocupação desmesurada do aparato estatal para servir a fins partidários. Tem que
chegar ao fim a nefasta experiência do PT no comando do Brasil.
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