A disparada de
preços está entre os muitos problemas que os brasileiros enfrentam hoje. A
inflação é a tônica do cotidiano de todos os que vivem no país, mas o governo
petista acha que pode despistar os reajustes com picaretagens. O resultado tem
sido o inverso: a conta está ficando cada vez mais salgada.
A inflação só está
onde está porque preços e tarifas importantes estão sendo manipulados. É o caso
dos combustíveis, da energia elétrica, das passagens de transporte público,
para ficar apenas nos exemplos mais significativos. Nem assim, porém, os
índices ficam comportados. No bolso dos brasileiros, os preços já doem muito
mais.
A meta de inflação
brasileira é de 4,5% ao ano. O regime de bandas permite uma flutuação de até
dois pontos percentuais para acima ou para baixo. O pessoal do governo do PT
parece não entender bem o mecanismo: confunde a meta a ser perseguida com o
teto e contenta-se com qualquer coisa que não escape dos 6,5%.
O IPCA, índice
oficial de inflação, está em 6,15% nos 12 meses terminados em março. A
tendência é que suba mais nos próximos meses, engordado pelos preços mais altos
dos alimentos em função da estiagem que nos assola desde o verão. É possível
que o IPCA encerre 2014 mais alto do que no ano anterior, quando chegou a 5,91%.
A média, porém,
esconde detalhes mais sórdidos. Os alimentos sobem em torno de 9% ao ano desde
2010. Alguns itens específicos acumulam altas acima de 100%, ou próximo disso, nos
últimos três anos: mandioca, tomate, tangerina, banana, batata, entre outros. Há
bem mais tempo, a inflação dos serviços também não cai abaixo dos 8%.
E o que propõe o
governo da presidente Dilma Rousseff para acabar com o problema? Simples: tirar
os alimentos do cálculo da inflação. Seria perfeito, desde que acompanhado de
outra medida baixada por ato oficial: proibir o povo de comer.
A ideia de alterar o
cálculo da inflação no país foi divulgada por O Globo na semana passada. Diante da péssima repercussão, o Planalto
recuou. Até porque a mandracaria não representaria refresco algum para os índices de
preços: retirados os alimentos do cálculo, o IPCA acumulado em 12 meses seria
ainda mais alto, em torno de 7,4%.
As marretas que o
governo petista tem empregado para conter a inflação são inadequadas e estão – todas
elas – falhando. A baixa das tarifas de energia, por exemplo, já virou fumaça e
o que está no horizonte agora é um tarifaço que vai eletrocutar as contas de
luz dos brasileiros nos próximos anos.
A indústria já paga
hoje pela energia que consome mais do que pagava antes da intervenção
voluntarista, truculenta e irresponsável de Dilma no setor elétrico. “Com os
reajustes já aprovados em 2014, os consumidores industriais pagarão, em média,
23,8% mais do que no período anterior à aprovação da MP [n° 579, que mudou as regras
do setor]”, mostrou a Folha de S.Paulo no domingo.
Os consumidores
residenciais também se depararão com faturas salgadas tão logo o Tesouro comece
a repassar os custos para as tarifas, num valor que só neste ano poderá
alcançar R$ 22 bilhões, segundo informa hoje o Valor Econômico. Somado ao rombo do ano passado, surge no horizonte o risco
de reajustes na casa dos 30%.
A outra perna da estratégia
furada de manipular a inflação é o controle dos preços dos combustíveis, que
vem não só destroçando a Petrobras como também já dizimou dezenas de usinas e cerca
de 100 mil empregos no setor de etanol, numa crise sem precedentes nos 40 anos
de história da produção do combustível renovável no Brasil.
A estabilidade da
moeda é uma das maiores conquistas da sociedade brasileira na sua história
recente. O PT jamais colaborou com estes avanços, tendo, inclusive, se oposto
ao Plano Real. Agora no governo está fazendo pior e cutucando o dragão da
inflação com a vara curta da irresponsabilidade. São as típicas políticas do
improviso, caras aos petistas, deixando seu rastro de estragos.
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