Depois dos péssimos
resultados da balança comercial no primeiro trimestre, ontem foi a vez das más
notícias da indústria. A produção do setor teve queda de 2,5% em fevereiro na
comparação com o mês anterior, na maior retração desde dezembro de 2008, quando
o mundo estava mergulhado numa recessão feia.
A queda praticamente
anula a reação que a indústria brasileira ensaiara em janeiro. Ficou evidente que a alta
de 2,6% registrada no primeiro mês do ano – vendida pelo discurso oficial como
evidência inequívoca de que o país agora iria engrenar de vez – deveu-se a
fatores circunstanciais, como a alta da produção de caminhões e a recomposição
de estoques.
Dos 27 segmentos da
indústria acompanhados pelo IBGE, 15 registraram retração – o dado positivo é
que a produção de bens de capital aumentou pelo segundo mês. As maiores quedas
foram de bens de consumo duráveis e não duráveis, entre eles automóveis,
mobiliário e eletrodomésticos da linha branca. Trata-se de indicação de que, exauridos
os efeitos benéficos da redução de impostos, como o IPI, a produção industrial não
consegue se sustentar.
Segundo o Valor Econômico, nos setores de bens intermediários e de bens de consumo duráveis
o percentual de indústrias que ainda consegue expandir sua produção já está
abaixo da média dos últimos dez anos. Ou seja, com o PT, o setor secundário da
nossa economia só retrocede.
A indústria da
transformação representa hoje uma parcela ínfima da produção de bens e serviços
do país. Em 2012, ela recuou para 13,3% do PIB, no menor patamar desde os anos
JK. Não custa lembrar que, apenas oito anos atrás, em 2004, o segmento representava
19,2% do PIB e desde então só mergulhou.
O vai e vem da indústria
brasileira neste início de ano sugere que a tão aguardada, e igualmente propalada
pelo governo, retomada da economia ainda não se confirmou. Numa economia que
estivesse se recuperando, o esperado seria que produção industrial se acomodasse
depois de um resultado forte, como foi o de janeiro, e não devolvesse toda a
alta, como acabou acontecendo em fevereiro.
Se existe, a
recuperação em curso está longe, muito longe de ser vigorosa. Na indústria
especificamente, o avanço é “lento e bastante claudicante”, segundo análise da LCA
Consultores citada por O Globo. Há uma espessa nuvem de incertezas no horizonte.
Tudo considerado, há
um acúmulo de resultados ruins pipocando na economia brasileira. Inclui uma
inflação alta e teimosa, para a qual o governo petista reserva tolerância sem
fim – apesar das juras em contrário reiteradas ontem por Alexandre Tombini. Passa
pela descrença crescente de empresários e investidores na solidez do país. E agora
atinge também as expectativas dos consumidores, cujo índice de confiança medido
pela FGV cai há seis meses.
Não há mais crise global
que justifique um comportamento tão ruim do Brasil. O problema é interno e só o
governo petista não vê, preferindo enxergar fantasmagóricos fatores externos
que não existem. Além disso, insiste numa receita equivocada, que privilegia a
expansão da demanda quando o problema está evidentemente na oferta insuficiente
de bens e serviços.
Nos últimos dois
anos e meio, o governo Dilma Rousseff dedicou-se a lançar freneticamente
pacotes de incentivo. Foram 15 até hoje e mais deverão vir. Trata-se de uma política
de remendos e improvisos que não tem se mostrado bem-sucedida. Insistir num
caminho equivocado servirá apenas para produzir uma notícia ruim por dia, formando
um deplorável conjunto da obra.
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