Ainda no governo
Lula, a Eletrobrás anunciou um ambicioso plano para equiparar-se ao que outrora
fora a Petrobras: uma estatal com investimentos robustos, negócios lucrativos
aqui e no exterior, administração rigorosa, reconhecimento de mercado. Nada
disso se realizou. Mas, assim como vem acontecendo com a companhia de petróleo
nos últimos anos, a estatal de energia agora amarga perdas gigantescas e enfrenta
uma crise sem precedentes.
Na quinta-feira, a
Eletrobrás anunciou
seu maior prejuízo desde que a companhia foi criada, há mais de 60 anos: R$ 6,9
bilhões em 2012. O resultado no quarto trimestre do ano passado foi o pior já
registrado por uma companhia de capital aberto no Brasil: perda de R$ 10,5
bilhões.
A Eletrobrás sente
os dissabores da drástica, intempestiva e autoritária mudança nas regras do
setor elétrico baixadas na marra pelo governo Dilma Rousseff em fins do ano
passado. A estatal foi obrigada a reduzir suas tarifas para garantir a
renovação de suas concessões – tudo isso imposto goela abaixo pelo seu
controlador, o governo federal. Não fosse isso, teria lucrado quase R$ 6
bilhões em 2012.
A nossa estatal do setor
elétrico é um dos exemplos mais prontos e acabados dos estragos que a sujeição
e a ocupação da máquina por interesses político-partidários é capaz de
produzir. Ao longo das gestões petistas, teve nada menos que seis presidentes, sempre
ao sabor das conveniências políticas e nunca da eficiência técnica.
A Eletrobrás vergou
sob o peso das tarifas mais baixas, bem como da participação obrigatória em obras
bilionárias do setor elétrico. “Sem a presença da estatal nos consórcios,
nenhuma privada entraria em projetos como as hidrelétricas do rio Madeira ou
Belo Monte”, analisou a Folha de S.Paulo na sexta-feira.
O plano de
investimentos da Eletrobrás – que prevê R$ 52,4 bilhões até 2017 – está sob
risco. Só irá parar em pé com injeção de muito dinheiro público. Os trabalhadores
serão os primeiros a pagar pela crise: entre 4 mil e 5 mil funcionários, de um
total de 27 mil, serão desligados da estatal. Usinas termelétricas também serão
desativadas.
Em estudo
recente, o Instituto Acende Brasil mostrou como as estatais do setor elétrico têm
registrado baixa eficiência em função da alta politização de sua gestão. As
empresas do grupo Eletrobrás, por exemplo, figuram como as de menor produtividade
por trabalhador e as de maiores custos operacionais.
Infelizmente, a
Eletrobrás não está sozinha quando o assunto são os descalabros que as gestões do
PT vêm produzindo em nossas estatais. A Petrobras é a principal vítima da
manipulação dos governos petistas sobre o patrimônio do povo brasileiro. Não bastasse
ser usada como instrumento de controle da inflação, a empresa tem agora seus
ativos negociados na bacia das almas, como mostra a edição desta semana da revista
Época.
Já era conhecido o
caso da refinaria de Pasadena, que deve render prejuízo de US$ 1 bilhão à
Petrobras nos EUA, num dos piores negócios que se tem notícia no mundo empresarial.
Mas sabe-se agora que nossa estatal também está se desfazendo de bens e instalações
na Argentina como quem vende bananas na hora da xepa. A empresa pôs pelo menos
US$ 5 bilhões na Petrobras Argentina e agora cogita vendê-la por menos de US$ 1
bilhão.
O negócio envolve
empresários próximos a Cristina Kirchner, está sendo fechado em caráter
sigiloso e em tempo recorde, mesmo depois de a área técnica da Petrobras ter
manifestado oficialmente que não tinha interesse em se desfazer dos ativos
argentinos, uma vez que se espera que eles entrem num ciclo de valorização
doravante.
A revista também
mostra que empresários amigos do PT estão prestes a abocanhar nacos polpudos da
Petrobras na África, como a produção e exploração de petróleo em Angola, Benin,
Gabão, Líbia, Namíbia, Nigéria e Tanzânia. É o patrimônio do povo brasileiro
sendo entregue a interesses privados encastelados no condomínio petista.
Eletrobrás e
Petrobras são faces da mesma moeda: o uso de bens públicos para fins político-partidários.
O partido que se notabilizava por defender o patrimônio público pratica, no
poder, a maior predação de que se tem notícia em nossa história. É hora de
reestatizar as estatais que o PT pôs sob seu jugo e devolvê-las ao povo
brasileiro.
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