As estripulias de
Rosemary foram descritas em sindicância feita pela Casa Civil, iniciada depois
que ela e seus bebês – um pessoal da pesada que agia em vários órgãos públicos desde
a gestão Lula – foram flagrados pela Polícia Federal traficando interesses e vendendo
influência a partir do escritório da Presidência da República em São Paulo. As conclusões,
expressas ao longo de 120 páginas, foram reveladas pela edição da revista Veja desta
semana.
No documento, está relatado
que Rosemary teve tratamento de chefe de Estado em embaixadas brasileiras ao redor
do mundo, como a de Roma; que, várias vezes, trocou favores no governo federal por
mimos; que abusava das prerrogativas do cargo e usava de maneira desvirtuada a
estrutura pública; que saiu rica da função que desempenhou no governo
petista.
Não sem razão, mas
só depois que foi flagrada em seus malfeitos pela PF, no fim do ano passado Rosemary
foi afastada do cargo de chefe do escritório paulistano da Presidência da
República. Encontra-se hoje indiciada por formação de quadrilha, tráfico de
influência e corrupção passiva, mas nunca se manifestou publicamente sobre sua
rede de falcatruas.
“O relatório final
da investigação, mantido em segredo por determinação expressa do próprio
governo, é a síntese do que para alguns é a norma fria do serviço público em
Brasília: uma grande loja de facilidades”, resume a revista.
As revelações do
documento são grotescas, mas podem ser pouco perto do que, de fato, pode ter
sido feito por Rose e sua turma sob as bênçãos do ex-presidente Lula. É de se
imaginar que, com franco acesso a todos os sistemas de informação e registro
que um órgão público pode ter, a Casa Civil tenha se deparado com podres ainda
maiores da preferida de Lula
O melhor detergente
para sujeiras desta natureza é a luz do sol. Rosemary deveria ser chamada a
falar e contar o que sabe. Diz a revista que ela está disposta a escancarar a
boca, por se sentir “desamparada pelos velhos companheiros” a quem serviu com
tanto carinho e entrega, como Lula e José Dirceu.
A própria Casa Civil
parece ter ciência dos riscos. Tanto que tentou manter o relatório em segredo, por
avaliar que, divulgado, ele poderia produzir “instabilidade institucional”. Se é
assim, mais motivos há para ir fundo nas investigações, botar o Ministério Público
nos calcanhares desta gente e o Congresso a apurar, quem sabe até por meio de CPI.
Rosemary é a
personificação do grupo político que passará para a história do Brasil como aquele
que se valeu de uma azeitada estrutura de desvio reiterado de dinheiro público
para compra de apoio parlamentar. Ela é a síntese do espírito mensaleiro, da
predação dos petistas sobre o patrimônio público.
É possível que a
ex-toda-poderosa integrante da entourage de Lula tenha se inspirado no modus operandi do chefe e de sua tropa,
novamente descrito em detalhes na síntese do acórdão do julgamento do mensalão publicada
na sexta-feira no Diário da Justiça Eletrônico.
Trata-se de “conjunto
probatório harmonioso que, evidenciando a sincronia das ações de corruptos e
corruptores no mesmo sentido da prática criminosa comum, conduz à comprovação
do amplo esquema de distribuição de dinheiro a parlamentares, os quais, em
troca, ofereceram seu apoio e o de seus correligionários aos projetos de
interesse do governo federal na Câmara dos Deputados”.
Após dez anos de leniência
e de complacência com malfeitos, com a roubalheira, com a ocupação corsária do
aparato estatal, os petistas parecem ter perdido – se é que um dia tiveram – a noção
de onde termina o interesse público e onde começam as esferas privada e partidária.
Inspirados em maus exemplos que vêm de cima, agem como se predar o Estado fosse
a coisa mais natural do mundo. Não é. A tudo isso, cabe um basta.
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