Segundo o IBGE, em
abril o IPCA atingiu 0,55%, com alta em relação ao 0,47% de março. O resultado
superou negativamente as expectativas. No acumulado em 12 meses, a taxa recuou
de 6,59% para 6,49%. Este foi o único alívio que os dados conhecidos ontem
trouxeram – embora quase irrisório, já que apenas 0,01 ponto percentual abaixo
do limite máximo.
O mais assustador é
que o preço dos alimentos não está cedendo. A alta é de 14% em um ano, ou seja,
mais que o dobro da inflação geral. No mês de abril, o item alimentação subiu
quase 1%. Os vilões da carestia continuam mais ativos que nunca: tomate e batata
mais que dobraram de preço em um ano (150% e 123%, respectivamente) e a cebola já
está quase lá (94%), como destaca O Globo.
Este é justamente o
aspecto mais pernicioso da inflação. Como os alimentos pesam muito mais na
cesta de consumo das famílias mais pobres, que gastam cerca de um terço de seus
rendimentos com comida, são elas as que mais sofrem com o aumento da carestia. Combater
a inflação é a mais eficaz das políticas sociais.
Para piorar, em
abril outro item essencial também teve alta significativa. Os remédios subiram 3%,
refletindo reajustes autorizados pelo governo em março. Este é mais um dos chamados
“preços administrados”, que gozam de aumentos anuais garantidos e funcionam
como gasolina na fogueira da indexação.
Serviços também
sobem mais de 8% em 12 meses. Mas não só: dos 365 itens que compõem a cesta de
produtos pesquisados pelos IBGE para o cálculo do IPCA, quase 66% ficaram mais
caros em abril. Trata-se, portanto, de uma alta persistente, disseminada e sem
perspectivas convincentes de que irá ceder.
Esperava-se que a
inflação viesse mais branda em abril, em razão de uma temporada supostamente mais
benigna nos preços dos alimentos nas lavouras. Mas o que antes era costumeiro
agora não está se repetindo: enquanto os preços dos produtos agrícolas caíram
5,4% no atacado desde janeiro, os alimentos ficaram 5,6% mais caros no varejo
no mesmo período, mostra o Valor Econômico.
É mais um sinal de
que o diagnóstico que o governo faz sobre a inflação está equivocado. Para Dilma
Rousseff e sua equipe econômica, o problema é de oferta. Uma vez superado, a
inflação cairá. Mas o comportamento dos alimentos contradiz o argumento
oficial: a colheita da safra agrícola segue a pleno vapor, os preços no atacado
cedem, mas o efeito benéfico não chega ao consumidor.
Parece claro que a
questão é outra: superaquecimento da demanda. O consumo interno acima da oferta,
inclusive em razão dos gastos explosivos do governo, eleva os preços. De quebra,
também gera aumento nas importações. Os desequilíbrios se disseminam. Até por
esta razão, a inflação voltou a ser a maior preocupação dos empresários
brasileiros.
A estabilidade da
moeda é uma conquista da sociedade brasileira, que se cansou de décadas convivendo
com o descalabro do descontrole de preços. Mas tanto no poder quanto fora dele,
o PT jamais demonstrou convicção de que manter a inflação controlada fosse prioridade
da política econômica.
O partido dos mensaleiros
sempre preferiu perseguir crescimento econômico a qualquer custo. Mas, como parece
não compreender direito a realidade das coisas, não conseguiu fazer nem uma
coisa nem outra. Estamos agora pagando um preço alto por estas más escolhas,
agravadas pelos equívocos da gestão Dilma Rousseff.
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