A economia
brasileira cresceu 0,6% no trimestre na comparação com o trimestre anterior. O percentual
está em linha com as previsões mais baixas que vinham sendo feitas pelos
analistas econômicos. Ou seja, o pior prevaleceu: estagnados estávamos,
estagnados permanecemos.
A expectativa geral era
de que o primeiro trimestre do ano tivesse sido de recuperação. Mas não foi. A alta
de 0,6% é exatamente a mesma taxa registrada no último trimestre de 2012. No
pibinho estávamos, no pibinho permanecemos. Quando se considera a alta
acumulada em 12 meses, o PIB brasileiro cresceu só 1,2%.
Mantido o ritmo
atual, o país crescerá pouco mais de 2,4% neste ano. É melhor que o pibizinho
de 2012 (0,9%), mas, ainda assim, menos que em 2011 – até agora o melhor
resultado produzido pela presidente Dilma Rousseff, com sua alta de minguados
2,7%.
O que um dia já foi
piso acabou se transformando em teto. O governo sustenta
que “não vai permitir” para este ano crescimento menor que o de 2012. Não diz, porém,
como vai conseguir fazer a economia embicar para cima. A perspectiva é de que
os trimestres seguintes sejam ainda piores que o primeiro. Onde estará o fundo
do poço?
No ano passado,
tivemos a glória de só crescer mais que o Paraguai no continente sul-americano.
Neste ano, já não teremos mais a companhia dos hermanos, que, segundo a Cepal,
crescerão algo como 10%. Mas poderemos contar com a solidariedade da Venezuela, que,
com seus 2%, será o único país que crescerá menos que nós na América do Sul desta
vez.
Entre os setores, a
indústria foi novamente o patinho feio: teve queda de 0,3% no trimestre. O segmento
tem sido alvo de pacotes e desonerações em série anunciados pelo governo, mas
seu desempenho repetitivamente medíocre sugere que tais políticas são
desconjuntadas e ineficientes.
Quem evitou que o
PIB não fosse um desastre ainda maior foi a agricultura. O campo cresceu 9,7%
no trimestre, até porque vinha de uma base de comparação muito prejudicada
pelas quebras de safra do ano passado. Sem o vigor do agronegócio, o país teria
ido de vez para o buraco. Os serviços cresceram só 0,5%, abaixo da média do fim
de 2012.
O dado bom – pelo menos
um! – é que a chamada “formação bruta de capital fixo”, palavrão que os
economistas usam para os investimentos na produção, subiu 4,6% no trimestre. Foi
o maior crescimento desde o primeiro trimestre de 2010.
Ainda assim, o
desempenho dos investimentos deve ser visto com cautela. Segundo o Bradesco Asset
Management, dois terços do resultado do período se devem exclusivamente a um item:
fabricação de caminhões. “Gastou-se mais em caminhões em um ano, por exemplo,
do que o governo planeja investir em uma década em novas ferrovias”, compara a Reuters.
A taxa de
investimentos como proporção do PIB voltou a cair e está agora em 18,4% (havia
sido de 18,7% no quarto trimestre de 2012). Para um país que precisa urgentemente
enfrentar suas deficiências de infraestrutura, eliminar seus gargalos e
desobstruir as artérias que lhe travam o desenvolvimento, é desesperador.
Setores que noutros
tempos já funcionaram como motores da economia estão esfriando. O consumo das
famílias tombou de um aumento 1% no fim de 2012 para apenas 0,1% agora; o do
governo sequer variou. As exportações passaram de alta de 6,1% no quarto
trimestre de 2012 para queda de 6,4% agora. As importações subiram 6,3%.
Dilma Rousseff foi
eleita a bordo de uma propaganda que a apresentava ao país como gestora
eficiente, administradora cuidadosa, técnica competente para fazer e acontecer.
Seu governo já consumiu quase 30 meses, mas o máximo que a presidente conseguiu
realizar foi nos conduzir numa viagem ao passado.
Há uma mixórdia de políticas
e decisões desencontradas e equivocadas. O investimento público continua não
acontecendo e o privado vê-se cada vez mais cerceado pelo intervencionismo do
governo da petista. O Brasil simplesmente não acontece. Está evidente que,
quando elegeu Dilma, o país tomou o rumo errado. Caminho que, a cada dia que
passa, está nos levando para mais fundo no buraco.
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