A equipe de Dilma alcança
uma proporção como nunca se viu antes: são 24 ministérios, dez secretarias
ligadas à Presidência da República e cinco órgãos com status de ministério. Seu
time de subordinados é tão gigantesco, que alguns ministros mal conseguem
despachar com a chefe. A composição é tão esdrúxula, que Afif será, ao mesmo
tempo, ministro de Dilma e vice-governador de São Paulo.
A posse do
ministro-vice-governador será na quinta-feira. Com Afif no ministério efetiva-se
o que o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, conselheiro de Dilma, já classificou
como uma “burrice”, uma “loucura”, uma “irresponsabilidade” que há muito tempo passou
do limite. Nunca antes o Estado foi tão balofo e o governo, tão amorfo.
Há menos razões
objetivas a justificar a criação de mais uma pasta com status de ministério do
que motivações político-eleitorais. Vale mais o 1 minuto e 39 segundos do tempo
de TV do PSD, o partido de Afif, do que efetivamente melhorar as condições das
cerca de 4,5 milhões de micro e pequenas firmas existentes no país –
provavelmente, o que elas gostariam mesmo é de menos Estado na vida delas...
A pasta é tão
necessária que, desde que tomou posse, há 28 meses e alguns dias, Dilma fala em
criá-la. Tentou convencer a dona do Magazine Luzia a assumir o posto, mas Luiza
Trajano preferiu cuidar da vida e continuar ganhando dinheiro. Neste ínterim,
ninguém sentiu falta de um ministério para cuidar da causa das pequenas
empresas – exceto os petistas ávidos por cargos.
Nestes dez anos, o PT
praticamente dobrou o tamanho da estrutura ministerial. Quando assumiu o poder,
em 2003, havia 21 pastas, legadas pelo presidente Fernando Henrique. O padrão
tucano seguia as melhores práticas mundiais: estudo feito na Universidade
Cornell constatou que os governos mais eficientes têm entre 19 e 22 pastas.
Sob o PT, nosso
modelo de gestão púbica é o mesmo de nações como Congo, que tem 40 ministérios,
Paquistão (38), Camarões, Gabão, Índia e Senegal (36). Para comparar, os EUA funcionam
como funcionam com 15 ministérios e a Alemanha deve penar para ser o que é com suas
17 pastas.
Além de seus 39
ministérios, o PT inchou desmesuradamente o número de cargos públicos. Desde 2002,
o número de servidores públicos federais ativos cresceu 24%. Evidentemente, há
acréscimos que se justificam – por exemplo, quando são contratados mais médicos
e mais professores, mais fiscais da Receita e mais engenheiros.
No entanto, não há
respaldo que justifique a expansão de cargos de confiança, preenchidos a
bel-prazer pelo condomínio no poder. Em dez anos, foram criados mais de 4 mil
DAS, fazendo o número chegar a 22.417 em dezembro passado, segundo o mais recente
levantamento divulgado pelo Ministério do Planejamento.
Não custa lembrar
que, além da inflação de ministros, a gestão petista também se notabiliza pela
criação acelerada de estatais. Só na gestão Dilma já são cinco novas, elevando
o total de órgãos desta natureza no país para algo próximo a 130.
A forma como Dilma
preenche seu ministério lembra o que Lula definiu como os “negócios” e as “relações
promíscuas” que movem os partidos que hoje estão no poder, em entrevista
publicada num livro para enaltecer os dez anos de governo petista e reproduzida
em parte pela revista IstoÉ
desta semana. O ex-presidente conhece bem o que diz.
O que está em jogo não
é aumentar a eficiência de uma máquina que já se mostrou incapaz de servir
melhor os cidadãos, mas compor um grupo dos mais díspares interesses para tentar
reeleger Dilma. Este, sim, é o grande negócio, e não é para pequenas empresas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário