A Caixa Econômica
Federal admitiu
ontem que mentiu sobre os acontecimentos que detonaram uma corrida a agências
bancárias no fim de semana retrasado. Tanto a cúpula do banco, quanto o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já sabiam disso desde a
segunda-feira passada, 20, mas só na sexta-feira, 24, apanhados pela imprensa,
começaram a reconhecer o erro.
O banco antecipou,
deliberadamente, o pagamento dos 13,8 milhões de benefícios do Bolsa Família para
o dia anterior aos episódios que se alastraram por 13 estados. No entanto, no
auge da confusão, divulgou que só fizera isso depois que os boatos já estavam
correndo, no sábado, 21. Mentira. Só agora, uma semana depois, apanhada pela
imprensa, a Caixa admitiu a imprecisão.
Com a vida de
milhões de brasileiros, principalmente dos mais vulneráveis, não se brinca.
Pelo menos, assim seria se tivéssemos um governo sério. Mas com o PT nada é
como deveria ser: o partido dos mensaleiros e também dos mentirosos acusa
primeiro, para investigar depois. É sua velha prática. Desta vez, porém, o tiro
saiu pela culatra.
Tão logo a boataria
veio a público, na semana passada, petistas de todos os calibres dispararam
suas leviandades. Em Ipojuca, Dilma exaltou-se e ainda deu um
jeito de dizer que a confusão interessava a quem queria trazer “intranquilidade
aos milhões de brasileiros que nos últimos dez anos estão saindo da pobreza
extrema”.
Maria do Rosário,
ministra de Direitos Humanos, viu a atuação de uma “central de notícias da
oposição”. O que ela teria a dizer agora sobre a central de lambanças do
governo? Lula acusou “gente do mal”: será que estava se referindo ao presidente
da Caixa e ao ministro Cardozo? Rui Falcão denunciou “terrorismo eleitoral”. É
o mesmo que seu partido se notabiliza em executar às vésperas de eleições?
Ontem, o
ex-presidente insistiu: o episódio foi um “ato de vandalismo” e uma “brincadeira
estúpida”. Lula está coberto de razão: ambos protagonizados por gente do mais
alto escalão da República, e que, portanto, merece ser responsabilizada pelo
mal que causou a milhões de famílias.
Há claros indícios de
que a mentira em torno das barbeiragens da Caixa e suas nefastas consequências
para a vida de brasileiros atendidos pelo Bolsa Família foi sustentada por
vários órgãos de governo ao longo de vários dias. Não foi somente um equívoco
da Caixa; foi, para ficar nas palavras do ministro Cardozo, uma “ação
orquestrada”.
Subordinada ao
Ministério da Justiça, a Polícia Federal, por exemplo, desde o dia em que a
história verdadeira começou a vir a público, na sexta-feira, espalha uma versão
que, passados dez dias do episódio, não consegue comprovar: a de que uma central
de telemarketing disseminou o boato.
Ontem, o ministro
Cardozo disse que não sabe sequer se é mesmo uma central de telemarketing ou um
jabuti. “Se é uma empresa, se não é uma empresa, se é de telemarketing, isto está
sendo objeto de investigação”, disse
ele. Agora, o ministro diz que a informação chegou à PF por intermédio de um
repórter de TV...
Aparentemente, pelo
menos desde o fim de semana, Dilma também já sabia que o caldo da mentira tinha
entornado. Da África, no domingo, ela afirmou que a operação do Bolsa Família tem
“falhas”. Provavelmente, a presidente estava se referindo às versões falsas que
seu governo disseminou ao longo de mais de uma semana e que a imprensa cuidou
de desmascarar.
Apelar para
mentiras, boatos, mistificações está no DNA do PT. É um traço marcante de um grupo
acostumado a agir nos subterrâneos, no submundo da política, na contramão da ética.
O mais deplorável de tudo isso é constatar que nem o sofrimento de milhões de famílias
é capaz de constranger a sanha pelo poder do partido da mentira e dos
mensaleiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário