Hoje o Supremo Tribunal Federal (STF) deve concluir a
apreciação dos chamados embargos de declaração, destinados a solucionar
omissões, obscuridades ou contradições eventualmente presentes no acórdão com a
sentença que foi publicado em abril. Até ontem, apenas um dos 25 recursos desta
natureza foi aceito; os dois últimos serão analisados hoje.
Superada esta fase, faltará apenas apreciar o cabimento ou
não dos ditos embargos infringentes. Se aceitos, eles abrirão a possibilidade
de o Supremo reavaliar os casos dos réus cujas condenações tiveram pelo menos quatro
votos a favor de sua absolvição. Seria, na prática, permitir um novo julgamento
para 12 dos 25 condenados.
Mas, se rejeitados os embargos infringentes, como é mais
provável, já não caberão mais recursos aos réus e o processo do mensalão terá suas
sentenças condenatórias transitadas em julgado. Terá, portanto, chegado ao fim.
Tudo isso pode acontecer ainda nesta quinta-feira.
Na hipótese de os ministros não aceitarem os embargos infringentes,
já será possível ver os mensaleiros que tenham penas a ser cumpridas em regime
fechado ter sua prisão decretada imediatamente, como afirmou
ontem a procuradora-geral interina da República, Helenita Acioli. Onze dos 25
condenados estão nesta iminência por terem sido condenados a oito anos ou mais
de reclusão.
No caso dos petistas que estão no exercício do mandato, os
deputados João Paulo Cunha e José Genoino, além da prisão decretada também
terão que amargar a cassação imediata pelo Supremo, cabendo à Câmara apenas
homologar a decisão, conforme entendimento sacramentado pelos ministros na
sessão de ontem.
Há, porém, todo um cipoal que ainda pode livrar os
mensaleiros do esperado acerto de contas com a Justiça.
Como o STF ontem aceitou rever a pena de um dos condenados (um
dos sócios de uma das corretoras usadas para desviar o dinheiro do mensalão),
um dos ministros, Teori Zavascki, acha que o tamanho de outras penas aplicadas por
formação de quadrilha também pode ser rediscutido. Tal entendimento abre brecha
para mensaleiros como José Dirceu, Marcos Valério, Delúbio Soares e Genoino.
Se a tese do ministro novato prevalecer, Dirceu pode até se
livrar do xilindró. Seu regime de prisão passaria de fechado para semiaberto. O
ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula foi condenado a dez anos e dez
meses de detenção e já até faz planos de lavar e cozinhar na cadeia para se
livrar mais cedo das grades, como mostrou ontem O Estado de S.Paulo.
Os mensaleiros já deram mostra de que não vão aceitar pacificamente
a condenação definitiva e a prisão de suas mais proeminentes figuras. O PT
articula atos de desagravo a esta turma, como informa Rogério Gentile na Folha de S.Paulo. Dirceu e seus liderados também ensaiam o discurso de vítimas
de perseguição política. É do jogo: choro de perdedor.
Tudo isto reforça a necessidade de vigilância da
sociedade em relação ao necessário desfecho do julgamento, impondo a justiça a
quem tanto mal impôs ao país. O mensalão é, para todo o sempre, uma marca indelével
do PT. O partido de Dilma, Dirceu e Lula tornou a prática de comprar votos tão corriqueira
na sua dinâmica que agora mercadeja até o apoio da companheirada em eleição interna...
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