A presidente Dilma Rousseff
terá que enfrentar duas candidaturas potentes em outubro de 2014: a do PSDB e a
das forças que agora reúnem Marina Silva e Eduardo Campos. Embora antagonistas
do petismo, tais grupos se distinguem pelo fato de o PSDB ser uma oposição sem
adjetivos e a união Rede-PSB ter sua gênese em dois ex-ministros de governos do
PT.
A decisão de Marina de
manter-se no jogo político, filiando-se ao PSB, reforça a tendência de uma
eleição a ser definida em dois turnos. É bom para o país que assim seja. Desta forma,
o eleitor terá condições de avaliar diferentes propostas alternativas ao que
está aí e, numa segunda rodada, escolher a que melhor se contrapõe ao que o PT
representa.
O que o novo quadro
traz de bom é o repúdio de um amplo espectro partidário e da cidadania ao
vale-tudo que o PT quis tornar natural na política brasileira. Até poucos dias
atrás, os petistas, tendo Lula à frente, pareciam prontos a querer zombar dos
adversários, na ânsia de reduzir a eleição do ano que vem a um passeio que, de
resto, já está claro que não existirá.
Neste aspecto, foram
significativas as declarações do ex-presidente da República adiantando que será
uma espécie de “candidato-dublê” de Dilma, transformando-se em sua “metamorfose
ambulante”, conforme entrevista concedida na semana passada ao Correio Braziliense. É como se, na visão de Lula, o eleitorado fosse um joguete
a ser embalado pelas vontades do PT.
Na mesma linha vão
as declarações do marqueteiro João Santana publicadas na edição da revista Época
desta semana. Para ele, os adversário de Dilma irão protagonizar uma “antropofagia
de anões”, levando a presidente a uma fácil vitória em primeiro turno. Não é
mera coincidência que a soberba de Santana e a empáfia de Lula tenham se
manifestado na mesma semana.
Também não é simples
coincidência que a própria presidente, agora sem disfarces no seu figurino de
candidata full time, tenha
intensificado sua agenda de viagens pelo país e, mais ainda, aumentado seu
tempo disponível para conceder à imprensa entrevistas que passou anos evitando.
N’O Estado de S.Paulo de hoje, José Roberto de Toledo contabiliza o tamanho
do maquinário que a presidente transformou em moeda para angariar a simpatia de
políticos em viagens pelo país afora: 7.326 máquinas pesadas doadas a quatro em
cada cinco prefeituras do país, das quais mais de 6 mil entregues neste ano, e outras
11 mil a entregar até a eleição. Que nome pode se dar a isso senão vale-tudo?
Nesta estratégia,
voltada a sufocar a oposição, o governo jogou seus maiores esforços na
tentativa de barrar a criação de novos partidos. Conseguiu impedir, por ora, o
nascimento da Rede Sustentabilidade, mas não aplacou o desejo de mudança que
subjaz tanto nos partidários de Marina, quanto nos de Eduardo Campos, quanto nos
do PSDB.
Aproxima-se a eleição
da mudança. Caberá aos contendedores mostrar aos brasileiros que podem levar o
país a um caminho mais venturoso, livre das manipulações que se tornaram
corriqueiras no atual governo, dos atentados à ética e dos retrocessos que vêm
nos fazendo perder anos preciosos para a construção de um novo Brasil. Quanto mais
alternativas, melhor para a nossa democracia.
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