A má fase da
Petrobras já vem de longe. Os últimos dias, porém, foram especialmente pródigos
em ruindades. Parece que o dique de malfeitos acumulados ao longo de anos de má
gestão se rompeu e inundou o dia a dia da companhia com más notícias. Que fase!
No último dia 3,
quando completou 60 anos de existência, a Petrobras viu sua nota de risco de
crédito ser rebaixada pela Moody’s, uma das mais importantes agências de
classificação do mundo. “O rebaixamento reflete a alta alavancagem financeira
da Petrobras e a expectativa de que a empresa vai continuar a ter grande fluxo
de caixa negativo nos próximos anos. A perspectiva permanece negativa”, justificou
a Moody’s.
Logo depois, um
relatório do Bank of America Merril Lynch apontou a Petrobras como a empresa
não financeira mais endividada do mundo. Desde a descoberta do pré-sal, a
dívida da estatal multiplicou-se por quatro, sem, contudo, produzir resultados
visíveis. O endividamento decorre das necessidades da companhia para levar
adiante seu ambicioso plano de negócios, que prevê investimentos de US$ 237
bilhões até 2017.
No entanto, com os
preços dos produtos que vende congelados pela política de controle artificial
de inflação adotada pela gestão petista, a Petrobras não gera caixa em volume
suficiente para fazer frente a suas obrigações. Sua produção também não aumenta
como o projetado – há dez anos, as metas traçadas não são cumpridas. Com isso, o
desempenho negativo se perpetua e o rombo só faz crescer.
Na sexta-feira, a
divulgação dos resultados alcançados pela Petrobras no terceiro trimestre coroou
a má fase. O lucro da empresa caiu 39% em relação ao mesmo período de 2012 e
45% na comparação com o segundo trimestre. A Petrobras lucrou R$ 3,4 bilhões,
enquanto a expectativa média dos analistas era que o valor alcançasse R$ 6
bilhões. Não passou nem perto.
A dívida líquida da Petrobras
continuou sua escalada Himalaia acima. Atingiu R$ 193 bilhões, com alta de 30% só neste ano. O valor já equivale a mais do triplo do chamado Ebitda, o lucro
antes de juros, impostos, depreciação e amortização, anualizado. Patamar tão
alto pode pôr em risco o grau de investimento da companhia, encarecer ainda
mais seu crédito e afastar de vez investidores da empresa.
Graça Foster, a
presidente da empresa, divulgou comunicado ao mercado em que não mede palavras para
descrever a situação calamitosa por que passa a Petrobras. Admite que a
defasagem de preços cobrados pelos combustíveis que a empresa produz está
dificultando muito a vida da estatal.
Por esta razão, foi posta sobre a mesa do
conselho de administração da companhia a adoção de uma nova metodologia para a definição automática
dos preços – algo que existia até 2003 e a gestão petista abandonou.
Segundo estimativas
de mercado, os preços da Petrobras estão defasados entre 7% e 15%. Os prejuízos
registrados pela área de refino da empresa já somam R$ 12,3 bilhões apenas
neste ano. Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura,
calcula que, desde 2002, as perdas da companhia com a defasagem dos preços
chega a R$ 48 bilhões. Sangria assim empresa nenhuma aguenta.
A este pesado fardo,
na semana passada a Petrobras acrescentou mais um: participar do consórcio que
arrematou o campo de Libra na proporção de 40%. Com isso, nos próximos dias, o
combalido caixa da empresa terá de se desfazer de R$ 6 bilhões, cerca de 10% de
suas disponibilidades. A estatal também será a operadora única dos poços,
arcando com grossa fatia dos US$ 200 bilhões de investimentos projetados.
A Petrobras dispõe de
uma excelência raramente vista em empresas petrolíferas. Lidera a tecnologia de
exploração em águas profundas e possui corpo técnico dos mais gabaritados no
mundo. Mas está sendo asfixiada por uma gestão que a transformou em instrumento
de temerárias políticas de um governo que acha que o Estado tem que tomar conta
de tudo. Se esta sobrecarga consegue tombar uma empresa-gigante como a Petrobras,
imagine o estrago que faz nas demais.
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