Desde junho,
protestos se sucedem no país, com maior ou menor adesão da população. No
entanto, de uns tempos para cá, o sagrado direito à manifestação, garantido
pela Constituição, vem sendo capturado por bandos de baderneiros que sequer têm
coragem de mostrar a cara. Chegou a hora de dar um basta a estes excessos.
Os legítimos
movimentos reivindicatórios estão sendo, dia após dia, tornados reféns de vândalos
que, sob uma suposta ideologia difusa, tentam justificar a violência que
empregam contra o patrimônio público, propriedades privadas e contra quaisquer
agentes que possam representar o Estado. Cidadãos inocentes que vêm ameaçada
sua segurança e sua integridade física e cerceado seu direito de ir e vir também
são vítimas das barbaridades.
A tolerância da
população com estes abusos está acabando. Já não era sem tempo. No domingo,
pesquisa realizada pelo Datafolha mostrou que 95% dos paulistanos condenam os atos
de vandalismo – ou seria terrorismo? – praticados pelos que se intitulam “black
blocs”, uma massa amorfa que se esconde por trás de máscaras para espalhar o horror.
Mesmo o apoio dos
cidadãos às manifestações em geral está minguando. De uma simpatia quase
absoluta da população pelos protestos (89% apoiavam os atos no fim de junho),
hoje a aprovação caiu a 66%. Ainda é alta, mas já indica que um terço, pelo
menos, dos cidadãos já não concorda com os métodos de contestação que vêem
serem empregados nas ruas.
Respeitar o direito
à manifestação é um dever dos que prezam a democracia. Causas legítimas merecem
ser publicizadas e levadas, por meio de estratégias de mobilização, ao
conhecimento de maior número de pessoas. Protestos pacíficos que comungam dos preceitos
democráticos, e que obedecem os limites da ordem, são aceitáveis.
O que não se pode
admitir é que, a pretexto de exercitar um direito constitucional, grupelhos
nada representativos tornem a sociedade refém de suas vontades e de seus atos.
Pior ainda é quando algumas organizações compactuam, ou deixam de condenar com
a veemência necessária, com atitudes pura e simplesmente de bandalheira.
Vandalismo é terror e assim merece ser tratado.
Assiste-se hoje à
ação de criminosos cujo único objetivo é afrontar a ordem, amedrontar a
sociedade, depredar o patrimônio público e destruir a propriedade privada. Em
suma, pessoas que, sob o manto da livre manifestação, dedicam-se a praticar
crimes. Merecem inquestionável repressão, condenação inequívoca e severa punição.
O que se constata é
que a erosão de valores que se percebe no país a partir dos mais altos escalões
da República acaba por permear a sociedade, dando veio a manifestações de toda
natureza, notadamente as menos legítimas. Quando falta a autoridade, a desordem
se instala e o caos campeia. Quem ganha com isso são os que não buscam um país
melhor.
Num ambiente assim
depauperado, muitos se acham no direito de, sob pretexto de protestar, até
mesmo por causas justas, exceder os limites da lei e da ordem, pondo em risco a
segurança de todos os cidadãos. Numa sociedade que se pretende democrática, o
direito de uns não pode se sobrepor ao de todos.
Um último aspecto
diz respeito ao papel da polícia nos confrontos. De atitudes excessivas,
verificadas no auge dos protestos de junho, passaram a adotar posturas
extremamente passivas e muitas vezes hesitantes, demonstrando indesejável
impotência. Tanto um quanto o outro extremo são equivocados.
O que se espera é
que a polícia exercite o papel que lhe cabe de guardiã da ordem, agente da lei
e defensora do Estado de direito. Se preciso for, o uso legítimo da força deve
ser empregado contra aqueles que querem transformar as ruas em ribalta de suas
badernas inconsequentes – até para que o direito constitucional à livre manifestação,
feita de maneira pacífica, seja respeitado e legitimamente exercido.
Ações como a dos
intitulados “black blocs” são um soco no estômago da democracia, uma agressão
aos cidadãos de bem que trabalham, pagam impostos e querem levar uma vida digna,
uma afronta ao aparato estatal. São, em suma, um ataque à sociedade e, por
isso, merecem repúdio de todos e repressão dos agentes da lei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário