Será o governo de um
país um bom lugar para se aprender? Pelo que diz a presidente Dilma Rousseff,
cuja experiência pretérita em comandar alguma coisa inclui ter levado uma
lojinha de produtos chineses à falência, sim. Para o interesse e as
necessidades dos brasileiros, a resposta certamente é não.
Vira e mexe, a presidente
tem dito que “aprende todos os dias” à frente do cargo mais importante do país,
como voltou a fazer ontem
em Belo Horizonte. Pretende, assim, transparecer humildade, como contraponto à
sua reconhecida arrogância e intratabilidade. Mas o que ela acaba por admitir,
mesmo involuntariamente, é sua inaptidão para a cadeira que ocupa.
O aprendizado de Dilma
não é mera figura de retórica. É a prática corrente de um governo que tenta,
tenta e não acerta. Nas provas de múltipla escolha da escolinha, quase sempre
opta pela alternativa errada. O problema é que, enquanto o PT tenta aprender, o
país anda para trás – ou, na melhor das hipóteses, fica parado.
O aprendizado é sempre
nobre, necessário e louvável para qualquer ser humano. Mas acaba virando mera improvisação
quando governantes titubeiam quanto ao que precisam fazer. Infelizmente, a
atual gestão é pródiga nestas idas e vindas. São inúmeros os exemplos, mas o mais
marcante é o pífio resultado produzido na melhoria da infraestrutura viária do país.
Estamos caminhando
para o fim do ano em que o governo Dilma prometera realizar uma “revolução” na
logística do país, sem, porém, que qualquer avanço digno de comemoração tenha sido
conquistado. Pelo contrário. O país está cada vez mais enredado em aprendizados
estéreis em portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. A cada dia é um novo
fracasso.
A previsão era de
que fossem realizados 25 leilões neste ano, nas apenas seis devem ocorrer. Até
agora, foram ofertadas apenas a BR-050, em setembro, e o campo de Libra,
arrematado sem concorrência e sem ágio na última segunda-feira. A concessão da BR-262 ficou pelo
caminho, após não ter atraído interesse de nenhum investidor.
A despeito de manter
a Infraero como um fardo que sacrifica os investidores privados, dois
aeroportos – Galeão e Confins – devem ser concedidos neste ano. Segundo Gleisi
Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil, a presença da estatal nos consórcios visa
estimular a estatal a “aprender” com grandes operadores, conforme informa O Globo. É a mesma história: enquanto o PT aprende, os usuários dos
aeroportos sofrem...
Entre as rodovias, apenas a BR-163 e o eixo formado pelas BRs-060/153/262
têm leilões garantidos em 2013. Vale lembrar
que, há apenas um mês, o governo ainda trabalhava com a possibilidade de
conceder quatro estradas até dezembro. Neste ínterim, a BR-040 ficou pelo
caminho e a BR-163 também envereda pelo mesmo destino.
As concessões de
ferrovias, que inicialmente deveriam começar na próxima semana, ficarão, na melhor
das hipóteses, para 2014, conforme admitiu ontem Gleisi Hoffmann. São 14
trechos fundamentais para desobstruir gargalos no país, mas que continuam como
sempre estiveram: parados.
Há um ano e dois
meses foi lançado o Programa de Investimento em Logística. Nesta altura, os
contratos já deveriam estar assinados e as obras em execução. Mas o governo
ainda está enredado em editar decretos que possam consertar seus modelos
capengas e finalmente destravar as concessões, como acontece com as de ferrovias, conforme
noticia hoje o Valor Econômico.
Nos portos, não é
muito diferente: instalou-se uma verdadeira guerra, que deve estender-se aos
tribunais, como informa O Estado de S.Paulo. Envolve, de um lado, uma centena de empresas que já
exploram terminais privados em Santos, Paranaguá e Salvador, e, do outro, o
governo federal, que tenta emplacar na marra um novo regime jurídico para o
setor.
A triste realidade é
que, na base do improviso, o governo petista transforma o que seria uma atitude
nobre – aprender com a experiência do dia a dia e com o que a vida ensina a
todos – numa fonte de malefícios para a sociedade. Se fosse mesmo todo aquele
suprassumo que se dizia na campanha eleitoral, a esta altura Dilma Rousseff
deveria era estar ensinando e não ainda tentando aprender.
Nenhum comentário:
Postar um comentário