Segundo o IBGE,
a taxa de analfabetismo no país parou de cair, depois de 15 anos de queda. O
índice passou de 8,6% para 8,7% entre 2011 e 2012. O que pode até parecer
irrelevante do ponto de vista estatístico representa aumento de 297 mil
brasileiros no universo dos que não sabem ler nem escrever.
Ainda temos 13,2
milhões de analfabetos, com a maioria situada no Nordeste. A região concentra mais
da metade deste grupo no país; lá a taxa subiu para 17,4%, com alta de meio
ponto percentual entre um ano e outro.
O analfabetismo também
ainda é especialmente alto entre os cidadãos com mais de 60 anos de idade:
24,4%. Tal característica dificulta um pouco mais a missão de reduzir
substancialmente a taxa geral do país, ainda muito distante das nações
desenvolvidas, onde se situa em torno de 1%.
Dificilmente o
Brasil alcançará a meta firmada com a ONU de diminuir a nossa proporção de analfabetos para 6,7% da população até 2015. Para tanto, seria necessário conseguir reduzir o
contingente atual em 2,6 milhões de pessoas.
Felizmente, o
esforço de aumento da escolaridade empreendido nos últimos 20 anos – o Pnud já
havia destacado a arrancada da educação brasileira a partir da criação do
Fundef pelo governo Fernando Henrique – ajudou a baixar o analfabetismo entre
os mais jovens para níveis civilizados: entre os que têm de 15 a 19 anos, o
índice é de 1,2%.
Mesmo assim, a queda
na taxa geral tem sido muito lenta nos últimos anos. De 2004 a
2009, o índice caiu somente 1,8 ponto porcentual; de 2009 até 2012 diminuiu
mais um ponto. Uma das alternativas seria acelerar os programas de educação de
adultos, mas pouca atenção tem sido dada a estas iniciativas: temos hoje apenas
metade de adultos matriculados em escolas do que tínhamos há alguns anos.
Melhorar muito a
nossa educação é o principal desafio de quem pretende mudar o Brasil. Não será
possível darmos o necessário salto à frente se não ampliarmos substancialmente
o nível de formação de nossa população, hoje ainda muito deficiente, apesar de
todos os avanços.
É inconcebível, por
exemplo, que quase metade dos brasileiros não tenham sequer o ensino
fundamental completo. Isso significa que temos milhões de adultos que apenas
sabem ler e escrever uma mensagem simples, condição insatisfatória para a
inserção no atual mundo do trabalho e de aprendizagem continuada.
Nossa média de
escolaridade até subiu um pouco – para 7,5 anos – mais continua sendo uma das
mais baixas da América Latina. A realidade é que muitos simplesmente abandonam
a escola no decorrer da trajetória, numa clara indicação, também, de que a sala
de aula tem oferecido menos do que o aluno gostaria de encontrar.
Além da inaceitável
estagnação na diminuição do analfabetismo, a Pnad também revelou que 2012 foi
marcado por maior desigualdade e concentração de renda, uma vez que a renda dos
1% mais ricos cresceu quase o dobro da dos 1% mais pobres: 10,8% e 5,8%,
respectivamente. Hoje o topo da pirâmide aufere “apenas” 87 vezes mais que a
base.
Ao longo de muitos
anos, as condições de vida dos brasileiros vêm melhorando em razão de políticas
de transferência de renda. Pelo que a Pnad revela, contudo, tal estratégia
começa a dar mostra de estar encontrando seus limites, principalmente por não
estar sendo acompanhada por realizações que permitam maior crescimento do país.
Acabar com a miséria
tornou-se até slogan de governo. Mas a dura realidade engole a propaganda. Superar
os atrasos vai nos exigir muito mais esforço do que apenas marketing. Vai
obrigar tratar o imenso fosso que ainda subsiste no país com a prioridade e a
seriedade que merece. Pobreza não é para ser administrada, como vem fazendo o
PT; a pobreza tem que ser superada.
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