Em relação ao crescimento
econômico, nossa rotina de ocupar a rabeira dos rankings, inclusive regionais,
já fala por si. Quanto aos investimentos, basta rodar o país para constatar que
o que o governo da presidente conseguiu foi criar um cemitério de obras
inacabadas espalhadas pelo Brasil afora.
Se a inflação já se
tornou nosso drama de todo dia, ressuscitada pelo PT, os juros são a mais recente
frustração deste rol de promessas de Dilma. Ontem, o Banco Central determinou a
quinta alta seguida na taxa básica, elevando a Selic a 9,5% anuais. A alta já
chega a 2,25 pontos percentuais desde abril.
O céu é o limite e a
escalada não deve parar por aí, com a taxa chegando a 10% até o fim do ano,
segundo previsões de mercado baseadas no comunicado emitido pelo Copom após a
reunião de ontem. Em termos nominais, em todo o mundo apenas Venezuela e
Argentina praticam juros básicos mais altos que o Brasil.
Mas, com a nova
alta, o Brasil já bate qualquer país e volta a ostentar mais um título
inglório: o de campeão mundial de juros reais. Segundo levantamento da
consultoria Moneyou,
ultrapassamos Chile e China e agora praticamos média de 3,5% ao ano. Se uma
nova alta se confirmar na reunião do Copom de novembro, encerraremos o ano
beirando 4% de juro real.
É exatamente o dobro
do que Dilma prometeu
no início de seu mandato. A presidente dizia que o Brasil teria juro real de
2%, patamar de país civilizado. Na base do voluntarismo, tungou a poupança e marretou
a Selic até que a taxa fosse atingida. Mas o artificialismo da medida encontrou
uma inflação renitente pela frente e o juro básico não tardou a voltar a subir,
e muito.
O BC resolveu assacar
sua arma mais potente porque se deu conta de que não dá para brincar com a escalada
dos preços. Ontem, também foi divulgado o IPCA de setembro, que ficou em 0,35%,
com alta em relação a agosto. Estima-se que, em outubro, o índice volte a subir,
desta vez para 0,60%. O acumulado em 12 meses, porém, caiu um pouco, para
5,86%.
Ocorre que a
inflação só não explode de vez no país porque o governo está garroteando os
preços de serviços públicos como tarifas de energia, transportes públicos e
combustíveis. Os chamados preços administrados sobem apenas 1,12% nos últimos
12 meses, o que equivale a cerca de um quarto de sua média histórica.
Isso significa que a
inflação vem sendo contida – ainda que num nível que pode ser considerado altíssimo
para uma economia que se pretende em desenvolvimento – à base de tranquilizantes.
Nos últimos 12 meses,
os preços que não são controlados pelo governo subiram 7,39% e os serviços, 8,73%.
Esse é, por baixo, o peso da carestia que os brasileiros sentem no bolso – no
atacado, os preços aumentaram 1,36% em setembro, de acordo com o IGP-DI, e logo
devem bater nas prateleiras do varejo.
Haverá mais pressões
pela frente, com possíveis repasses de custos decorrentes do aumento do dólar e
provavelmente um novo reajuste no preço da gasolina. O próprio Banco Central não
crê que a inflação brasileira fique em menos de 5,8% neste ano e de 5,7% em
2014. Ou seja, Dilma passará seus quatro anos de mandato sem cumprir uma vez
sequer a meta de 4,5%.
Se não tem como
honrar o que promete, a presidente da República poderia pelo menos zelar para
que esta importante conquista da sociedade brasileira não se esvaia. Os juros
altos são o remédio amargo que a gestão petista está tendo de administrar para
não pôr a perder a estabilidade tão arduamente alcançada.
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