O bom do leilão
realizado anteontem é que ele, finalmente, abre as portas para que o país
comece a desfrutar das riquezas que as imensas reservas de petróleo podem
gerar para os brasileiros. O ruim é que, até que isso ocorresse, anos foram
perdidos em razão da obsessão petista em implodir um modelo que comprovadamente
dera certo: o regime de concessão.
Mas ainda mais
deletério é a presidente e seu séquito de petistas enveredarem-se agora numa
cantilena estéril para tentar dizer que não fizeram o que fizeram: privatizaram
o pré-sal, ao contrário de tudo o que prometeram
na campanha eleitoral de 2010. Desta vez felizmente, o PT não honrou o compromisso.
Fato é que a joia da
coroa do petróleo brasileiro, o campo de Libra, foi vendida a um consórcio de
empresas privadas, estatais chinesas e à Petrobras. É escárnio, misturado com o
velho oportunismo eleitoreiro, o governo dizer que a transferência da
exploração das gigantescas reservas a um grupo em que 40% do capital é estritamente
privado, 60% dos participantes são estrangeiros e 80% dos sócios têm ações listados
em bolsa de valores não se constitui numa privatização. E das grossas.
O PT, porém, insiste
em tentar demonizar um instrumento que já se provou essencial para o
desenvolvimento da nossa economia e para a geração de bem-estar e melhores
condições de vida para os brasileiros. Recentemente, até o ministro da Fazenda,
cuja compreensão da realidade é dificultosa e tardia, admitiu
que privatizações e concessões tornaram-se a tábua de salvação do país, depois
que fracassaram os experimentos de política econômica do PT.
Seria muito melhor a
presidente e os petistas simplesmente aceitarem o óbvio. Mas, em seus
raciocínios algo nonsense, Dilma prefere dedicar-se a deturpar o debate. Ontem,
ela disse que não cogita alterar as regras do modelo de partilha – que, em seu
primeiro teste, produziu como resultado um certame em que, de 40 concorrentes
previstos, apenas cinco companhias se apresentaram, mesmo assim em consórcio e
sem oferecer uma gota de ágio.
Um de seus
argumentos – se é que pode ser chamado assim – é que quem critica a opção
petista pela partilha é “contra o conteúdo local”. É difícil ver alguma lógica
no tortuoso raciocínio, empregado pela presidente para dizer que o modelo, ao
contrário de todas as evidências de seu fracasso, “não precisa de ajustes”.
Precisa, sim.
Precisa, se o objetivo for gerar mais benefícios e mais ganhos para a população,
na forma de mais concorrência e, portanto, mais arrecadação de tributos e participações
governamentais para financiar educação e saúde.
Precisa sim, se a
intenção não for levar a Petrobras de vez para o buraco, vergada pela sobrecarga
que o governo lhe impõe como arma de controle artificial da inflação, por um
endividamento que tende a se agravar agora com as expressivas incumbências do
pré-sal e pelas responsabilidades de carregar nas costas o ônus da experiência da
partilha.
Ao invés de
alimentar um debate bobo, de perder-se em firulas semânticas, a presidente Dilma
Rousseff deveria, isto sim, estar se dedicando a tornar o ambiente de negócios
no Brasil mais adequado para investidores que querem empreender, gerar riqueza
e abrir novas e melhores oportunidades para os brasileiros. Demonizar o capital
privado vai acabar deixando-a falando sozinha para as câmeras e microfones de cadeias
nacionais de rádio e TV.
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