Os jornais informam
hoje que Dilma Rousseff passou a tarde inteira desta quinta-feira no Palácio da Alvorada discutindo
com seu padrinho, o ex-presidente Lula, e uma penca de conselheiros como se reposicionar
para conseguir seu segundo mandato nas eleições de daqui a um ano. Do que se
soube, pode-se concluir que o PT está disposto a qualquer coisa para não largar
o osso.
Uma das orientações
advindas de Lula – que continua dando todas as cartas, não apenas no partido dele,
quanto no governo dela – é sufocar alianças com partidários da união PSB-Rede,
até anteontem tratados com alguma candura pelo petismo. Até aí, jogo jogado,
porque é mais que sabido que, para o PT, quem não está com eles, inimigo é e
precisa ser aniquilado, nada menos que isso.
O partido do
vale-tudo já deixou claro que “fará o diabo” para não perder o poder que
conquistou há 11 anos e que pretende conservar a qualquer preço, como disse
a própria Dilma alguns meses atrás. Não se deve duvidar das palavras da candidata-presidente,
pois os fatos corroboram a disposição para a guerra que subjaz no PT.
Há duas semanas,
Lula voltou a ocupar espaços como “candidato dublê”, pronto para se
metamorfosear e fazer as vezes da candidata à reeleição pelo país afora. Até QG
para tanto ele já tem, com especial atenção à guerrilha suja que o PT trava na
internet, como mostrou a Folha de S.Paulo há duas semanas.
Não satisfeito, o
tutor da presidente da República também retomou as articulações em torno das
candidaturas regionais, esgrimidas na base do “quem conosco não está, está
contra nós”. A filosofia é a mesma com a qual o partido governa o Brasil, numa
variação da máxima cara aos militares nos anos 70: algo mais ou menos na linha
do “ame-nos (ao PT) ou deixe-o (o país e/ou o governo)”.
Vendo-se acuado por
uma oposição que cresce e se fortalece, o governo petista também não se
constrange de “fidelizar” partidos da base aliada usando a mais abjeta forma de
fazer política: o toma-lá-dá-cá. Segundo publica a Folha
hoje, a reforma ministerial prevista para dezembro será a arma para amarrar
siglas “sob risco de ataque especulativo”, como PP, PR, PSD e PDT.
Mas tem mais. Também
se soube recentemente das artimanhas que o partido no poder usa para
instrumentalizar programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida – só recebe
casa quem tem carteirinha com estrelinha vermelha, como mostrou O Estado de S.Paulo na semana passada –, e de cabos eleitorais “voluntários”
pagos com dinheiro de caixa dois. Para o PT, o partido dos mensaleiros, tudo
isso deve ser muito natural.
Tudo isso é muito
condenável e muito deplorável, mas de todas as medidas deletérias que o PT
assaca em seu desesperado tropel para manter-se no poder a pior delas talvez
seja a desabalada renegociação das dívidas de estados e municípios que o Ministério
da Fazenda anunciou nesta semana. Um dos pilares da estabilidade conquistada nas
últimas décadas pode estar simplesmente ruindo.
A mudança de
indexadores deverá retroagir à data de assinatura dos contratos, firmados em
fins dos anos 90. Resumidamente, a União verá sua dívida aumentar ainda mais, estados
e municípios ganharão espaço fiscal para contrair dívidas novas e uma porta
para o endividamento dos entes subnacionais será escancarada. Trata-se de mais um
golpe na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Neste processo, a
principal contemplada será a prefeitura de São Paulo. Por anos, o município
tentou rever as bases do contrato de refinanciamento de sua dívida, e por anos
fracassou. Agora que a cidade é governada por um petista o pedido foi atendido.
Para que não restem dúvidas quanto a quem será o maior beneficiado pela
renegociação: a dívida da prefeitura paulistana será reduzida em R$ 24 bilhões
e a dos estados em geral, em cerca de R$ 1 bilhão, informa o Valor Econômico.
“Se o passado é uma
lição para o futuro, esse é um processo de endividamento que pode recolocar os
entes da federação na situação falimentar que estavam nos anos 90, quando a
União teve que assumir suas dívidas, renegociá-las por 30 anos e vedar novos
empréstimos”, escreve Claudia Safatle.
Como se percebe, o
partido do vale-tudo não está para brincadeira. Na sua guerra insana para se
manter no poder, está disposto a não deixar pedra sobre pedra – seja sufocando
adversários, seja manipulando instituições de Estado, seja torrando o que ainda
resta de solidez nas finanças públicas. Será dura a vida de quem herdar o país
depois da devastação patrocinada pelo Partido dos Trabalhadores.
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